domingo, 31 de março de 2013

Páscoa: Vida nova para o mundo!


A ternura e a bondade de Deus devem sempre nos surpreender. Somos filhos de um Pai que não se cansa nunca de nos amar. E a Páscoa é o anúncio mais verdadeiro e forte deste amor!

O eco do acontecimento que partiu de Jerusalém, há mais de vinte séculos, continua ressoando pela voz da Igreja: O Senhor Ressuscitou! Até hoje, a nossa fé cristã se baseia naquele fato que mudou o rumo da história humana, devolvendo todo o esplendor que o mundo outrora havia perdido. A pedra removida, o sepulcro vazio, os anjos, as mulheres e os homens que anunciaram a ressurreição de Cristo nos atestam que não é em vão que cremos. Num mundo soterrado de infinitas mensagens, o anúncio da ressurreição não pode ser negligenciado. É a única mensagem de salvação! O Senhor da História está vivo. Aleluia!

Se Ele está vivo para nós, tudo muda. Ele passa a ser o centro e qualquer realidade pode também ser Páscoa. Tudo pode ser ‘’pascoalizado”, tudo pode ser mudado e transformado. Na ressurreição de Jesus, disse Bento XVI na Páscoa de 2011, tem início uma nova condição do ser homem, que ilumina e transforma o nosso caminho de todos os dias e abre um futuro qualitativamente diverso e novo para a humanidade.

A espiritualidade da Páscoa, coração do mistério cristão, deve nos levar, portanto, a vida nova no cotidiano, a uma permanente opção de homens e mulheres que já vivem ressuscitados, mortos para o pecado e o mal e vivos para Deus pelo Espírito. Homens e mulheres novos no coração de um mundo que precisa experimentar a força renovadora da ressurreição. Viver de “modo pascal” eis o nosso desafio!

Concretamente, a espiritualidade pascal deve nos levar a missão. Como reter toda beleza deste mistério apenas em nós? Páscoa é anúncio de vida por excelência, é base teológica e existencial de todo querigma cristão autêntico. Não podemos ser cristãos para se vangloriar, mas para tornar visível o anúncio de Deus no mundo. Ressuscitados evangelizarão por “contágio’’. O testemunho da vida nova vai provocar sede e fome de vida nova.

No Ano da Fé, tendo recebido como presente do Espírito Santo o Papa Francisco, que na simplicidade e humildade, levará a Igreja a radicalidade evangélica do “pobre de Assis” e ao ardor missionário do “patrono das missões”, continuemos a acreditar piamente que a ressurreição de Cristo renovou o homem por inteiro, tirou o pecado do mundo, reconstruiu a história da humanidade e nos trouxe a vida nova pelo amor para o nosso testemunho no mundo.

Santa Páscoa com uma vida nova!

Pe. Eduardo Braga (Dudu)

Rio Bonito/RJ

sábado, 30 de março de 2013

Quem diria? Jesus morreu e foi pro inferno!


Ronaldo José de Sousa
Consagrado da Comunidade Remidos no Senhor

Sinceramente, tenho medo de morrer. Não pelo que vou encontrar depois, mas por causa do instante da morte. Não me parece que isso seja censurável, visto que o próprio Jesus temeu o momento de sua morte (cf. Jo 12, 27).
É menos provável que eu tenha de passar por sofrimento semelhante ao de Cristo, mas a morte é a separação entre o corpo e a alma. É isso deve doer!
Mas o medo pode ser uma espécie de fascínio. Quem tem medo, no fundo sente-se atraído pelo objeto temido. No meu caso, trata-se de um desejo de tocar o desconhecido e de compreender aquilo que ainda não sei plenamente.

Aliás, demorei a entender as coisas relativas aos novíssimos. Pensava que "mansão dos mortos" era uma casa mal assombrada. "Juízo final", para mim, eram os instantes últimos de lucidez antes da caducidade. Cheguei a pensar que as pessoas banguelas não iam para o Inferno, pois Jesus insinua que lá "haverá choro e ranger de dentes" (cf. Mt 25, 30b - grifo meu). Espero que não precise de dentistas por lá.

Minhas preocupações escatológicas diminuíram quando descobri que o próprio Jesus morreu e foi para o inferno. Quem diria? Mas é isso mesmo! E para comprovar que não estou dizendo nenhuma heresia, vou recorrer ao Catecismo da Igreja Católica: "O Símbolo dos Apóstolos confessa em um mesmo artigo de fé a descida de Cristo aos Infernos e a sua Ressurreição dos mortos no terceiro dia" (n. 631 - grifo meu).

A Escritura denomina Inferno, Sheol ou Hades, a Morada dos Mortos para a qual Cristo morto desceu. Lá se encontravam todos os mortos, maus ou justos. Todos estavam em estado de privação da visão de Deus, o que não significa que a sorte deles fosse idêntica (cf. n. 633). Os justos estavam à espera do Redentor, pois a salvação ainda não tinha se realizado.

Jesus desceu aos Infernos não para libertar os condenados, nem para destruir o próprio Inferno. Ele foi libertar os justos que haviam precedido. Esta foi, portando, a fase última da missão messiânica de Jesus (cf. ns. 633-634). No dizer de uma antiga homilia para o Sábado Santo: "Ele vai procurar Adão, nosso primeiro Pai, como uma ovelha perdida. Quer ir visitar todos os que se assentaram nas trevas e à sombra da morte. Vai libertar de suas dores aqueles dos quais é filho e para os quais é Deus" (n. 635).

Portanto, a descida de Jesus aos Infernos é um dogma de fé, que todo católico reza no Credo, quando diz: "Desceu à mansão dos mortos". Sua constatação reforça a fé na misericórdia de Deus. Para salvar, Jesus chegou até o Inferno, "para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos” (Fl 2,10).

É no nome de Jesus que se tem a vida em abundância. Nele, a própria morte se transfigura: em vez de instante último, torna-se passagem. Por isso, sou obrigado a concluir que o meu temor diante da morte é infundado. Devo aguardá-la na certeza de que ela me levará à felicidade eterna. Mesmo que doa...


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Este artigo foi retirado da Revista Renovação, edição nº37 Março/abril 2006. Cadastre-se e receba de dois em dois meses, formação, informação e direcionamentos da RCCBRASIL para você e seu Grupo de Oração.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Aprender a sair de nós mesmos


Catequese do Papa Francisco na primeira Audiência Geral do pontificado

Apresentamos a tradução da primeira catequese do Papa Francisco realizada nesta quarta-feira, 27 de março, na Praça de São Pedro.

Irmãos e irmãs, bom dia!

Tenho o prazer de acolher-vos nesta minha primeira Audiência Geral. Com grande reconhecimento e veneração acolho o “testemunho” das mãos do meu amado predecessor Bento XVI. Depois da Páscoa retomaremos as catequeses do Ano da Fé. Hoje gostaria de concentrar-me um pouco sobre a Semana Santa. Com o Domingo de Ramos iniciamos esta Semana – centro de todo o Ano Litúrgico – na qual acompanhamos Jesusem sua Paixão, Morte e Ressurreição.

Mas o que pode querer dizer viver a Semana Santa para nós? O que significa seguir Jesus em seu caminho no Calvário para a Cruz e a ressurreição? Em sua missão terrena, Jesus percorreu os caminhos da Terra Santa; chamou 12 pessoas simples para que permanecessem com Ele, compartilhando o seu caminho e para que continuassem a sua missão; escolheu-as entre o povo cheio de fé nas promessas de Deus. Falou a todos, sem distinção, aos grandes e aos humildes, ao jovem rico e à pobre viúva, aos poderosos e aos indefesos; levou a misericórdia e o perdão de Deus; curou, consolou, compreendeu; doou esperança; levou a todos a presença de Deus que se interessa por cada homem e cada mulher, como faz um bom pai e uma boa mãe para cada um de seus filhos. Deus não esperou que fôssemos a Ele, mas foi Ele que se moveu para nós, sem cálculos, sem medidas. Deus é assim: Ele dá sempre o primeiro passo, Ele se move para nós. Jesus viveu a realidade cotidiana do povo mais comum: comoveu-se diante da multidão que parecia um rebanho sem pastor; chorou diante do sofrimento de Marta e Maria pela morte do irmão Lázaro; chamou um cobrador de impostos como seu discípulo; sofreu também a traição de um amigo. Nele Deus nos doou a certeza de que está conosco, em meio a nós. “As raposas – disse Ele, Jesus – as raposas têm suas tocas e as aves do céu os seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça” (Mt 8, 20). Jesus não tem casa porque a sua casa é o povo, somos nós, a sua missão é abrir a todos as portas de Deus, ser a presença do amor de Deus.

Na Semana Santa nós vivemos o ápice deste momento, deste plano de amor que percorre toda a história da relação entre Deus e a humanidade. Jesus entra em Jerusalém para cumprir o último passo, no qual reassume toda a sua existência: doa-se totalmente, não tem nada para si, nem mesmo a vida. Na Última Ceia, com os seus amigos, compartilha o pão e distribui o cálice “por nós”. O Filho de Deus se oferece a nós, entrega em nossas mãos o seu Corpo e o seu Sangue para estar sempre conosco, para morar em meio a nós. E no Monte das Oliveiras, como no processo diante de Pilatos, não oferece resistência, doa-se; é o Servo sofredor profetizado por Isaías que se despojou até a morte (cfr Is 53,12).

Jesus não vive este amor que conduz ao sacrifício de modo passivo ou como um destino fatal; certamente não esconde a sua profunda inquietação humana diante da morte violenta, mas se confia com plena confiança ao Pai. Jesus entregou-se voluntariamente à morte para corresponder ao amor de Deus Pai, em perfeita união com a sua vontade, para demonstrar o seu amor por nós. Na cruz Jesus “me amou e entregou a si mesmo” (Gal 2,20). Cada um de nós pode dizer: amou-me e entregou a si mesmo por mim. Cada um pode dizer este “por mim”.

O que significa tudo isto para nós? Significa que este é também o meu, o teu, o nosso caminho. Viver a Semana Santa seguindo Jesus não somente com a emoção do coração; viver a Semana Santa seguindo Jesus quer dizer aprender a sair de nós mesmos – como disse domingo passado – para ir ao encontro dos outros, para ir para as periferias da existência, mover-nos primeiro para os nossos irmãos e as nossas irmãs, sobretudo aqueles mais distantes, aqueles que são esquecidos, aqueles que tema mais necessidade de compreensão, de consolação, de ajuda. Há tanta necessidade de levar a presença viva de Jesus misericordioso e rico de amor!

Viver a Semana Santa é entrar sempre mais na lógica de Deus, na lógica da Cruz, que não é antes de tudo aquela da dor e da morte, mas aquela do amor e da doação de si que traz vida. É entrar na lógica do Evangelho. Seguir, acompanhar Cristo, permanecer com Ele exige um “sair”, sair. Sair de si mesmo, de um modo cansado e rotineiro de viver a fé, da tentação de fechar-se nos próprios padrões que terminam por fechar o horizonte da ação criativa de Deus. Deus saiu de si mesmo para vir em meio a nós, colocou a sua tenda entre nós para trazer-nos a sua misericórdia que salva e doa esperança. Também nós, se desejamos segui-Lo e permanecer com Ele, não devemos nos contentar em permanecer no recinto das 99 ovelhas, devemos “sair”, procurar com Ele a ovelha perdida, aquela mais distante. Lembrem-se bem: sair de nós mesmo, como Jesus, como Deus saiu de si mesmo em Jesus e Jesus saiu de si mesmo por todos nós.

Alguém poderia dizer-me: “Mas, padre, não tenho tempo”, “tenho tantas coisas a fazer”, “é difícil”, “o que posso fazer com as minhas poucas forças, também com o meu pecado, com tantas coisas?”. Sempre nos contentamos com alguma oração, com uma Missa dominical distraída e não constante, com qualquer gesto de caridade, mas não temos esta coragem de “sair” para levar Cristo. Somos um pouco como São Pedro. Assim que Jesus fala de paixão, morte e ressurreição, de doação de si, de amor para todos, o Apóstolo o leva para o lado e o repreende. Aquilo que diz Jesus perturba os seus planos, parece inaceitável, coloca em dificuldade as seguranças que se havia construído, a sua ideia de Messias. E Jesus olha para os discípulos e dirige a Pedro talvez uma das palavras mais duras dos Evangelhos: “Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens” (Mc 8, 33). Deus pensa sempre com misericórdia: não se esqueçam disso. Deus pensa sempre com misericórdia: é o Pai misericordioso! Deus pensa como o pai que espera o retorno do filho e vai ao seu encontro, vê-lo vir quando ainda é distante…O que isto significa? Que todos os dias ia ver se o filho retornava a casa: este é o nosso Pai misericordioso. É o sinal que o esperava de coração no terraço de sua casa. Deus pensa como o samaritano que não passa próximo à vítima olhando por outro lado, mas socorrendo-a sem pedir nada em troca; sem perguntar se era judeu, se era pagão, se era samaritano, se era rico, se era pobre: não pergunta nada. Não pergunta essas coisas, não pergunta nada. Vai em seu auxílio: assim é Deus. Deus pensa como o pastor que doa a sua vida para defender e salvar as ovelhas.

A Semana Santa é um tempo de graça que o Senhor nos doa para abrir as portas do nosso coração, da nossa vida, das nossas paróquias – que pena tantas paróquias fechadas! – dos movimentos, das associações, e “sair” de encontro aos outros, fazer-nos próximos para levar a luz e a alegria da nossa fé. Sair sempre! E isto com amor e com a ternura de Deus, no respeito e na paciência, sabendo que nós colocamos as nossas mãos, os nossos pés, o nosso coração, mas em seguida é Deus que os orienta e torna fecunda cada ação nossa.

Desejo a todos viver bem estes dias seguindo o Senhor com coragem, levando em nós mesmos um raio do seu amor a quantos encontrarmos.

(Após a catequese)

Queridos peregrinos de língua portuguesa, particularmente os grupos de jovens vindos de Portugal e do Brasil: sede bem-vindos! Desejo-vos uma Semana Santa abençoada, seguindo o Senhor com coragem e levando a quantos encontrardes o testemunho luminoso do seu amor. A todos dou a Bênção Apostólica!

Fonte: Zenit

Semana Santa: “Deus não se cansa de perdoar”


Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá/PR

Celebramos no domingo (24), o Domingo de Ramos, também chamado de Domingo da Paixão, quando iniciamos a Semana Santa; tempo único durante o ano para parar, contemplar e recomeçar um caminho a exemplo de Jesus.

Eu chamo esta semana de a “grande semana do perdão”. O perdão de todas as nossas falhas, a vida nova conquistada na Paixão, morte e ressureição do Senhor Jesus.

Estes fatos aconteceram porque temos um Deus que nos ama, que tomou por primeiro a iniciativa de nos resgatar da miséria humana e nos cobrir para sempre com a Sua infinita misericórdia. Por isso é uma semana especial, um tempo que revivemos a cada ano, não como fatos do passado e sim como atualização aqui e agora da presença de Deus que continua  salvando a cada um de nós, criaturas feitas a Sua imagem e semelhança.

Ao contemplar o Pai Deus que em seu Filho Jesus nos ama perdoando e nos perdoa amando, nos chama para realizar aqui e agora a mesma realidade do amor perdão entre nós humanos.

Sem merecimento fomos perdoados por um Deus tão humano e próximo de nós. Por que somos tão mesquinhos em negar o perdão ou ficar guardando rancor e raiva de quem com motivos ou não nos feriu em nossos sentimentos?

Nas nossas relações humanas nunca se deve buscar culpados e sim estabelecer relações verdadeiras, no amor desinteressado, construindo o que nos aproxima e nunca o que nos divide.
Nesta semana os fatos que vamos reviver começam na quinta-feira às 9h30 na Catedral com a missa da benção dos óleos do crisma, do batismo e dos enfermos.

Na presença de todos os presbíteros, os quais renovam nesta missa os compromissos presbiterais, pois foi na quinta- feira que Jesus instituiu a Eucaristia e o presbiterato.
Esta celebração marca o início de todos os fatos de nossa salvação. À noite, em todas as igrejas, haverá celebração da Ceia do Senhor com o lava pés.

Relembrando aquele gesto e aquelas palavras de Jesus: “Se eu  Mestre e Senhor lavei-vos os pés, vos deveis lavar os pés uns dos outros”.

Naquela memorável noite Jesus deixa a sua presença nas espécies de pão e vinho dizendo: “Isto é meu corpo, isto é meu sangue, fazei isto em memória de mim”.

Na Sexta-feira Santa comtemplamos a Paixão de Jesus, às 15h na leitura da Paixão e nas orações por toda humanidade. Celebração que não é a missa; aliás, esse é o único dia do ano que não celebramos a missa, mas distribuímos a Eucaristia, consagrada na missa de quinta- feira santa. Sexta-feira Santa é o dia da morte do Senhor, quando derrama do alto da cruz sangue e água, num grito de salvação: “Pai em tuas mãos entrego o meu espírito”.

Contemplamos a cruz, beijamos a cruz, como sinal de  nosso resgate, como reconhecimento do imenso amor de Deus em Jesus por todos e cada um de nós. Ninguém como Ele para nos amar tanto e de tal forma.

Sábado da Vigília Pascal, abençoamos o fogo, e acendemos a coluna de cera, simbolizando a luz de Jesus que dissipa as trevas e ilumina a noite do pecado.

Abençoamos a água, vida nova, nascimento para Deus, batismo, banho de regeneração, noite do aleluia, de um grito de vitória que culminará na madrugada de domingo.
Naquela penumbra do terceiro dia, algumas mulheres e três apóstolos são as primeiras testemunhas do túmulo vazio.

A notícia não parou até hoje. Continuamos nós também a proclamar que o Senhor está vivo. O ressuscitado está no meio de nós, caminha conosco, como nos diz o apóstolo Paulo: “Se Cristo não tivesse ressuscitado vazia seria nossa fé”. Essa é a nossa Páscoa, vida nova em Cristo Deus que não se cansa de perdoar.


  1. Fonte: Portal Rcc Brasil

Considerações sobre nota do Conselho Federal de Medicina a respeito do aborto


Na última sexta-feira, o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família da CNBB, dom João Carlos Petrini, divulgou  algumas considerações a respeito de uma nota publicada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que apoia o direito de aborto até a 12ª semana de gestação. A seguir, a íntegra da mensagem.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A NOTA DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA A RESPEITO DO ABORTO

Causou surpresa à sociedade brasileira a decisão tomada pelo Conselho Federal de Medicina, durante o I Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina, favorável à interrupção da gravidez até a 12ª semana, como prevê a proposta do novo Código Penal, em discussão no Senado Federal. As imediatas reações contrárias a esse posicionamento demonstram a preocupação dos que defendem a vida humana desde sua concepção até a morte natural. Merece, por isso, algumas considerações.

O drama vivido pela mulher por causa de uma gravidez indesejada ou por circunstâncias que lhe dificultam sustentar a gravidez pode levá-la ao desespero e à dolorosa decisão de abortar. No entanto, é um equívoco pensar que o aborto seja a solução.

Nossa civilização foi construída apostando não na morte, mas na vitória sobre a morte. Por isso a Igreja criou hospitais, leprosários, casas para acolher deficientes físicos e psíquicos. Recorde-se, em época recente, a figura das Bem-aventuradas Madre Teresa de Calcutá e Irmã Dulce dos pobres, bem como os milhares de pessoas que, quotidianamente, se dedicam a defender e promover a vida humana e sua dignidade.

As constituições dos principais países ocidentais apresentam uma perspectiva claramente favorável à vida. A Constituição Federal do Brasil, em seu artigo 1º, afirma que a República Federativa do Brasil tem como um de seus fundamentos a dignidade da pessoa humana. E, no seu artigo 5º, garante a inviolabilidade do direito à vida.

Ajuda a evitar o aborto a implantação de políticas públicas que criem formas de amparo às mulheres grávidas nas mais variadas situações de vulnerabilidade e de alto risco, de tal modo que cada mulher, mesmo em situações de grande fragilidade, possa dar à luz seu bebê. Esta solução é a melhor tanto para a criança, que tem sua vida preservada, quanto para a mulher, que fica realizada quando consegue ter condições para levar a gravidez até o fim, evitando o drama e o trauma do aborto.

O Conselho Federal de Medicina ao se manifestar favorável ao aborto até 12 semanas parece não ter levado em consideração todos os fatores que entram em jogo nas situações que se pretendem enfrentar. Sua decisão, que não contou com a unanimidade dos Conselhos Regionais, deixa uma mensagem inequívoca: quando alguém atrapalha, pode ser eliminado.

Para justificar sua posição, o CFM evoca a autonomia da mulher e do médico, ignorando completamente a criança em gestação. Esta não é um amontoado de células sem maior significado, mas um ser humano com uma identidade biológica bem definida; com um código genético próprio, diferente do DNA da mãe. Amparado no ventre materno, o nascituro não constitui um pedaço do corpo de sua genitora, mas é um ser humano vivo com sua individualidade. A esse respeito convergem declarações de geneticistas e biomédicos.

Todos esses fatores precisam ser considerados no complexo debate sobre o aborto, reconhecendo os direitos do nascituro, dentre os quais o direito inviolável à vida que vem em primeiro lugar.

Que os legisladores sejam capazes de considerar melhor todos os aspectos da questão em pauta e que seja possível um diálogo efetivo, com abertura para alargar o uso da razão. O uso apropriado da mesma não descartaria nenhum fator, reconhecendo os direitos do nascituro, o primeiro deles, o direito inviolável à vida. Deste modo, será possível legislar em favor do verdadeiro bem das mulheres e dos nascituros, e se consolidará o Estado democrático, republicano e laico, que tanto desejamos.


+ João Carlos Petrini
Bispo de Camaçari-BA
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família/CNBB


terça-feira, 26 de março de 2013

O relativismo no ambiente da fé



Quantos ventos de doutrina viemos 
a conhecer nestes últimos decênios



O relativismo é uma linha de pensamento que nega que possa haver uma verdade absoluta e permanente, ficando por conta de cada um definir a “sua” verdade e aquilo que lhe parece ser o seu bem. Nessa ótica tudo é relativo ao local, à época ou a outras circunstâncias. É o engano do historicismo. Para seus adeptos, “a pessoa se torna a medida de todas as coisas”, como dizia o filósofo grego Protágoras.
Evidentemente, a Igreja rejeita o relativismo porque há verdades que são permanentes. As verdades da fé e da moral cristã são perenes porque foram dadas por Deus. Cristo afirmou solenemente: “Eu sou a Verdade” (Jo 14,6); “a verdade vos libertará” (Jo 8,32); e disse a Pilatos que veio ao mundo exatamente “para dar testemunho da verdade” (Jo 18,37). São Paulo relatou que “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4) e que “ a Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3, 15).
Ora, se negarmos que existe a verdade objetiva e perene, o Cristianismo fica destruído desde a sua raiz. O Evangelho é o dicionário da Verdade.
Segundo o relativismo, no campo moral não existe “o bem a fazer e o mal a evitar”, pois o bem e o mal são relativos. Isso destrói completamente a moral católica, a qual moldou o Ocidente, e a nossa civilização. Contudo,esse relativismo hoje está penetrando cada vez mais nas universidades, na imprensa e até na Igreja. Ele ignora a lei natural, que é a lei de Deus colocada na consciência de todo ser humano – desde que este dispõe do uso da razão.
Por causa do relativismo moral os governantes propõem leis contra a Lei Natural que Deus colocou no coração de todos os homens. Dessa forma, a palavra do legislador humano vai superando a do Legislador Divino, a qual é a mesma para todos os homens.
O Papa Bento XVI tem falado insistentemente do perigo da “ditadura do relativismo”, que vai oprimindo quem não a aceita. Quem não estiver dentro do “politicamente correto” é anulado, desprezado, zombado com cinismo. Sobre essa mesma ditadura o Sumo Pontífice falou em 18 de abril de 2005 na homilia da Santa Missa preparatória do conclave que o elegeu: “Não vos deixeis sacudir por qualquer vento de doutrina” (Ef 4, 14). “Quantos ventos de doutrina viemos a conhecer nestes últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantas modalidades de pensamento...! O pequeno barco do pensamento de não poucos cristãos foi freqüentemente agitado por essas ondas, lançado de um extremo para o outro: do marxismo ao liberalismo ou mesmo libertinismo; do coletivismo ao individualismo radical; do ateísmo a um vago misticismo religioso; do agnosticismo ao sincretismo... Todos os dias nascem novas seitas e se realiza o que diz São Paulo sobre a falsidade dos homens, sobre a astúcia que tende a atrair para o erro (cf. Ef 4, 14). O ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, é, muitas vezes, rotulado como fundamentalismo. Entrementes, o relativismo ou o deixar-se levar para cá e para lá por qualquer vento de doutrina aparece como orientação única à altura dos tempos atuais. Constitui-se assim uma ditadura do relativismo, que nada reconhece de definitivo e deixa como último critério o próprio eu e suas veleidades”.
O relativismo derruba as normas morais válidas para todos os homens; ele é ateu; vê na religião e na moral católicas um obstáculo e um adversário, pois Deus é visto como um escravizador do homem e a moral católica destinada a tornar o homem infeliz.
O relativismo atual coloca a ciência como uma deusa que vai resolver todos os problemas do homem; a qual está acima da moral e da religião.Mas se esquece de dizer que o homem nunca foi tão infeliz como hoje; nunca houve tantos suicídios, nunca se usou tanto antidepressivo e remédios para os nervos; nunca se viu tanta decadência moral (aborto, prostituição, pornografia, prática homossexual...), destruição da família e da sociedade.
O relativismo é embalado também pelo ceticismo e pelo utilitarismo, os quais só aceitam o que pode ajudar a viver num bem-estar hedonista, aqui e agora. Há uma verdadeira aversão ao sacrifício e à renúncia.
Infelizmente, esse perigoso relativismo religioso, que tudo destrói, penetrou sorrateiramente também na Igreja, especialmente nos seminários e na teologia. Isso levou o Papa João Paulo II a alertar aos bispos na Encíclica “Veritatis Spendor”, de 1992, sobre o perigo desse relativismo que anula a moral católica. No centro da “crise”, o saudoso Pontífice viu uma grave "contestação ao patrimônio moral da Igreja". Ele diz: “Não se trata de contestações parciais e ocasionais, mas de uma discussão global e sistemática do patrimônio moral... Rejeita-se, assim, a doutrina tradicional sobre a lei natural, sobre a universalidade e a permanente validade dos seus preceitos; consideram-se simplesmente inaceitáveis alguns ensinamentos morais da Igreja...” (n. 4). E chama a atenção para o fato grave de que “a discordância entre a resposta tradicional da Igreja e algumas posições teológicas está acontecendo mesmo nos Seminários e Faculdades eclesiásticas" (idem).
No centro da “crise moral”, enfatizada por João Paulo II, ele revela qual é a sua causa – o homem quer ocupar o lugar de Deus: “A Revelação ensina que não pertence ao homem o poder de decidir o bem e o mal, mas somente a Deus” (cf. Gen 2,16-17). Não é lícito que cada cristão queira fazer a fé e a moral segundo o “seu” próprio juízo do bem e do mal.
É por causa desse relativismo moral que encontramos vez ou outra religiosos e sacerdotes que aceitam o divórcio, o aborto, a pílula do dia seguinte, o casamento de homossexuais, a ordenação de mulheres, a eutanásia, a inseminação artificial, a manipulação de embriões, o feminismo... e outros erros que o Magistério da Igreja condena explicita e veementemente. Esse mesmo relativismo é a razão que move os contestadores do Papa, do Vaticano, dos Bispos e da hierarquia da Igreja, como se estes tivessem usurpado o poder sagrado e não o recebido do próprio Cristo pelo Sacramento da Ordem. Esse relativismo fez surgir na Igreja a “teologia liberal” de Rudolf Bultman, que por sua vez alimentou uma teologia “da libertação”, que é “feminista”, e agora falam já de uma “teologia gay”...

Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com
Saiba mais em Blog do Professor Felipe 
Site do autor: www.cleofas.com.br

segunda-feira, 25 de março de 2013

Nunca vos deixeis invadir pelo desânimo!


Homilia do Papa Francisco na Celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor

Apresentamos a homilia do Santo Padre Francisco na Celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor.

1.  Jesus entra em Jerusalém. A multidão dos discípulos acompanha-O em festa, os mantos são estendidos diante d’Ele, fala-se dos prodígios que realizou, ergue-se um grito de louvor: «Bendito seja o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!» (Lc 19, 38).

Multidão, festa, louvor, bênção, paz: respira-se um clima de alegria. Jesus despertou tantas esperanças no coração, especialmente das pessoas humildes, simples, pobres, abandonadas, pessoas que não contam aos olhos do mundo. Soube compreender as misérias humanas, mostrou o rosto misericordioso de Deus e inclinou-Se para curar o corpo e a alma.

Assim é Jesus. Assim é o seu coração, que nos vê a todos, que vê as nossas enfermidades, os nossos pecados. Grande é o amor de Jesus! E entra em Jerusalém assim com este amor que nos vê a todos. É um espectáculo lindo: cheio de luz – a luz do amor de Jesus, do amor do seu coração –, de alegria, de festa.

No início da Missa, também nós o reproduzimos. Agitámos os nossos ramos de palmeira. Também nós acolhemos Jesus; também nós manifestamos a alegria de O acompanhar, de O sentir perto de nós, presente em nós e no nosso meio, como um amigo, como um irmão, mas também como rei, isto é, como farol luminoso da nossa vida. Jesus é Deus, mas desceu a caminhar connosco como nosso amigo, como nosso irmão; e aqui nos ilumina ao longo do caminho. E assim hoje O acolhemos. E aqui temos a primeira palavra que vos queria dizer: alegria! Nunca sejais homens emulheres tristes: um cristão não o pode ser jamais! Nunca vos deixeis invadir pelo desânimo! A nossa alegria não nasce do facto de possuirmos muitas coisas, mas de termos encontrado uma Pessoa: Jesus, que está no meio de nós; nasce do facto de sabermos que, com Ele, nunca estamos sozinhos, mesmo nos momentos difíceis, mesmo quando o caminho da vida é confrontado com problemas e obstáculos que parecem insuperáveis… e há tantos! E nestes momentos vem o inimigo, vem o diabo, muitas vezes disfarçado de anjo, e insidiosamente nos diz a sua palavra. Não o escuteis! Sigamos Jesus! Nós acompanhamos, seguimos Jesus, mas sobretudo sabemos que Ele nos acompanha e nos carrega aos seus ombros: aqui está a nossa alegria, a esperança que devemos levar a este nosso mundo. E, por favor, não deixeis que vos roubem a esperança! Não deixeis roubar a esperança… aquela que nos dá Jesus!

2. Segunda palavra. Para que entra Jesus em Jerusalém? Ou talvez melhor: Como entra Jesus em Jerusalém? A multidão aclama-O como Rei. E Ele não Se opõe, não a manda calar (cf. Lc 19, 39-40). Mas, que tipo de Rei seria Jesus? Vejamo-Lo… Monta um jumentinho, não tem uma corte como séquito, nem está rodeado de um exército como símbolo de força. Quem O acolhe são pessoas humildes, simples, que possuem um sentido para ver em Jesus algo mais; têm o sentido da fé que diz: Este é o Salvador. Jesus não entra na Cidade Santa, para receber as honras reservadas aos reis terrenos, a quem tem poder, a quem domina; entra para ser flagelado, insultado e ultrajado, como preanuncia Isaías na Primeira Leitura  (cf. Is 50, 6); entra para receber uma coroa de espinhos, uma cana, um manto de púrpura (a sua realeza será objecto de ludíbrio); entra para subir ao Calvário carregado com um madeiro. E aqui temos a segunda palavra: Cruz. Jesus entra em Jerusalém para morrer na Cruz. E é precisamente aqui que refulge o seu ser Rei segundo Deus: o seu trono real é o madeiro da Cruz! Vem-me à mente aquilo que Bento XVI dizia aos Cardeais: Vós sois príncipes, mas de um Rei crucificado. Tal é o trono de Jesus. Jesus toma-o sobre Si… Porquê a Cruz? Porque Jesus toma sobre Si o mal, a sujeira, o pecado do mundo, incluindo o nosso pecado, o pecado de todos nós, e lava-o; lava-o com o seu sangue, com a misericórdia, com o amor de Deus. Olhemos ao nosso redor… Tantas feridas infligidas pelo mal à humanidade: guerras, violências, conflitos económicos que atingem quem é mais fraco, sede de dinheiro, que depois ninguém pode levar consigo, terá de o deixar. A minha avó dizia-nos (éramos nós meninos): a mortalha não tem bolsos. Amor ao dinheiro, poder, corrupção, divisões, crimes contra a vida humana e contra a criação! E também – como bem o sabe e conhece cada um de nós-os nossos pecados pessoais: as faltas de amor e respeito para com Deus, com o próximo e com a criação inteira. E na cruz, Jesus sente todo o peso do mal e, com a força do amor de Deus, vence-o, derrota-o na sua ressurreição. Este é o bem que Jesus realiza por todos nós sobre o trono da Cruz. Abraçada com amor, a cruz de Cristo nunca leva à tristeza, mas à alegria, à alegria de sermos salvos e de realizarmos um bocadinho daquilo que Ele fez no dia da sua morte.

3. Hoje, nesta Praça, há tantos jovens. Desde há 28 anos que o Domingo de Ramos é a Jornada da Juventude! E aqui aparece a terceira palavra: jovens! Queridos jovens, vi-vos quando entráveis em procissão; imagino-vos fazendo festa ao redor de Jesus, agitando os ramos de oliveira; imagino-vos gritando o seu nome e expressando a vossa alegria por estardes com Ele! Vós tendes um parte importante na festa da fé! Vós trazeis-nos a alegria da fé e dizeis-nos que devemos viver a fé com um coração jovem, sempre: um coração jovem, mesmo aos setenta, oitenta anos! Coração jovem! Com Cristo, o coração nunca envelhece. Entretanto todos sabemos – e bem o sabeis vós – que o Rei que seguimos e nos acompanha, é muito especial: é um Rei que ama até à cruz e nos ensina a servir, a amar. E vós não tendes vergonha da sua Cruz; antes, abraçai-la, porque compreendestes que é no dom de si, no dom de si, no sair de si mesmo, que se alcança a verdadeira alegria e que com o amor de Deus Ele venceu o mal. Vós levais a Cruz peregrina por todos os continentes, pelas estradas do mundo. Levai-la, correspondendo ao convite de Jesus: «Ide e fazei discípulos entre as nações» (cf. Mt 28, 19), que é o tema da Jornada da Juventude deste ano. Levai-la para dizer a todos que, na cruz, Jesus abateu o muro da inimizade, que separa os homens e os povos, e trouxe a reconciliação e a paz. Queridos amigos, na esteira do Beato João Paulo II e de Bento XVI, também eu, desde hoje, me ponho a caminho convosco. Já estamos perto da próxima etapa desta grande peregrinação da Cruz. Olho com alegria para o próximo mês de Julho, no Rio de Janeiro. Vinde! Encontramo-nos naquela grande cidade do Brasil! Preparai-vos bem, sobretudo espiritualmente, nas vossas comunidades, para que o referido Encontro seja um sinal de fé para o mundo inteiro. Os jovens devem dizer ao mundo: é bom seguir Jesus; é bom andar com Jesus; é boa a mensagem de Jesus; é bom sair de nós mesmos para levar Jesus às periferias do mundo e da existência. Três palavras: alegria, cruz, jovens.

Peçamos a intercessão da Virgem Maria. Que Ela nos ensine a alegria do encontro com Cristo, o amor com que O devemos contemplar ao pé da cruz, o entusiasmo do coração jovem com que O devemos seguir nesta Semana Santa e por toda a nossa vida. Assim seja.

domingo, 24 de março de 2013

Vida profissional e testemunho cristão



Em que medida este apostolado influencia a nossa vida? Como testemunhamos o Batismo no Espírito Santo - vivenciado por nós de maneira tão real – nas atividades diárias, em especial na vida profissional?
O trabalho é um dom, é uma “tarefa confiada por Deus aos homens[1]”, por meio dele realizamo-nos como seres humanos[2]. Assim, o primeiro efeito que a Graça do Espírito deve gerar em nós é uma profunda gratidão e amor pelo ofício que temos, seja ele qual for.
Infelizmente, muitas pessoas não conseguem contemplar a dádiva que é trabalhar. Uns reclamam do trabalho, do salário e são insatisfeitos; outros, desmotivados, não conseguem cumprir suas tarefas e não dão testemunho de zelo e compromisso com sua profissão.
Como cristãos, temos que ser diferentes: devemos agradecer a Deus por este dom e olhar para o nosso ofício como uma grande oportunidade de servi-Lo e testemunhá-Lo. Além disso, somos chamados a trabalhar com amor verdadeiro[3] em cada atividade, pois somente assim daremos o melhor de nós em nossa profissão, teremos motivação e empenho suficientes para trabalhar com dedicação. Seremos profissionais destacados e daremos, assim, um bom testemunho de Cristo!
De igual modo, é necessário ter cuidado com uma cultura de ativismo profissional que tem crescido no mundo. Frequentemente, vemos pessoas que se acumulam de atividades profissionais e deixam outros bens importantíssimos em segundo plano: família, relacionamento pessoal, vida de oração. Não podemos nos conformar a essa realidade, mas com o auxílio da Graça lutar para transformá-la[4]. O trabalho não é um fim em si mesmo.
Há um texto do século II, que diz: “o que a alma é no corpo, isso são os cristãos no mundo”[5]. Semear a Cultura de Pentecostes no mundo profissional implica em viver essa afirmação! Não podemos permitir que a profissão seja o nosso foco e, de tal modo maçante, que nos tire a força para seguir no caminho de Jesus. O trabalho não é e não pode ser pedra de tropeço para nós, mas, ao contrário, é dom de Deus e espaço, também, para a vivência e testemunho do Evangelho. Devemos ser Profissionais do Reino, sal e luz onde estivermos, servidores que olham seu trabalho como ambiente de amor e serviço ao próximo, de missão e anúncio!
“Deus não te arranca do teu ambiente, não te tira do mundo, nem do teu estado, nem das tuas ambições humanas nobres, nem do teu trabalho profissional... mas, aí, quer-te santo!”[6] A Igreja ensina que a missão dos leigos é fazer com que as pessoas ao seu redor conheçam e amem a Cristo e que devem cunhar com a sua fé a sociedade.[7] Somos chamados à santidade no trabalho, a sermos profissionais que não fazem somente suas tarefas, mas que são compromissados com a construção da Civilização do Amor. Será que, hoje, temos conseguido cumprir essa missão?
Para implantar a Cultura de Pentecostes temos que ser a alma do mundo, mostrar com a nossa vida e trabalho, nas pequenas e grandes atitudes, que a Graça e o Amor de Deus são reais e transformam as realidades. “Viva de tal maneira que te perguntem por Cristo!”[8]. Que em nosso ambiente de trabalho possamos dar um grande testemunho do Senhor, plantando sementes de Pentecostes diariamente! Que brilhe a nossa luz diante dos homens para que vejam nossas boas obras e glorifiquem o Pai que está nos Céus![9]

MUR apresenta nova edição do projeto 1º de Maio
Há dois anos, a Comissão Nacional de Profissionais do Ministério Universidades Renovadas propõe uma vivência diferente do Dia do Trabalhador. Na data, são promovidas atividades de conscientização e evangelização desta classe. Em 2012, o projeto busca fortalecer-se, ampliando a sua atuação e buscando novas ideias de realização. Leia mais.

[1]             Youcat: Catecismo Jovem da Igreja Católica, nº 44.
[2]             Laborem exercens, nº 9
[3]             A Beata Teresa de Calcutá ensina que Deus não nos julgará pelos atos que fizemos, mas pelo quanto de amor colocamos neles.
[4]             Cf. Rm 12, 2
[5]             Carta a Diogneto, um dos primeiros escritos sobre os cristãos.
[6]             São José Maria Escrivá. Ele ensina como o trabalho é local para a vivência do Cristo, meio para alcançar a santidade.
[7]             Youcat, nº 139
[8]             Paul Claude, poeta e dramaturgo francês.
[9]            Cf. Mt 5,16

Por: Felippe Ferreira Nery
Advogado e Servidor Público Federal
Coord. Nacional do MUR
GOU Nos Braços do Pai (UFAC)


O discípulo e sua relação com o Mestre


Nesse primeiro momento, vamos sintetizar aqui três características essenciais para um discípulo na sua relação com o Seu Mestre.

A) Sentar-se aos pés do Mestre

É evidente a diferença entre Jesus e os famosos mestres da Antiga Grécia, como Sócrates, Aristóteles e Platão porque estes ensinavam seus discípulos enquanto iam caminhando, mas Jesus ensinava de modo especial quando ele se sentava, cujo objetivo era transmitir tranquilidade aos ouvintes, que automaticamente eram convidados a sentarem-se para ouvi-Lo.

O evangelista Lucas – e somente ele - narra um episódio muito importante que ilustra a necessidade de se estar aos pés do Mestre.

Estando em viagem, entrou num povoado, e certa mulher, chamada Marta, recebeu-o em sua casa. Sua irmã, chamada Maria, ficou sentada aos pés do Senhor, escutando-lhe a palavra. Marta estava ocupada pelo muito serviço. Parando, por fim, disse: ‘Senhor, a ti não te importa que minha irmã me deixe assim sozinha a fazer o serviço? Dize-lhe, pois, que me ajude’. O Senhor, porém, respondeu: ‘Marta, Marta, tu te inquietas e te agitas por muitas coisas; quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte que não lhe será tirada’.

Maria escolheu a melhor parte que não se será tirada. A melhor parte é estar aos pés do Mestre, ficar em sua presença, escutar a sua palavra, os seus ensinamentos. O discípulo é aquele que deve passar tempo desfrutando da presença do Mestre, essa é a sua atividade mais importante.

Muitos caem no erro de pensar que serão verdadeiros discípulos se lançarem a fazerem muitas coisas, muitas obras, muito apostolado, e isso não é verdade. É certo que todo discípulo é um missionário, mas o fazer é resultado do ser. A missão é um transbordamento daquilo que foi aprendido aos pés do Mestre. É preciso exercitar-se na prática da oração pessoal, da adoração eucarística, da leitura orante da Sagrada Escritura, pois isso é estar aos pés do Mestre. Colocar-se várias vezes durante o dia em sua presença. Não deixar que as preocupações do dia a dia, com o trabalho, com a família, com os estudos, nem mesmo com o serviço da evangelização nos afastem de termos nossos momentos a sós com Ele. Na verdade, é dali que retiramos força e fecundidade para tudo mais na nossa vida.

O mundo em que vivemos nos apresenta um ritmo de vida que parece quase impossível fazermos isso. Mas o discípulo de Jesus, se quer crescer na intimidade com o seu Mestre, deverá disciplinar-se. Na verdade, a disciplina é uma qualidade do discípulo:

A palavra disciplina, derivando do termo discípulo que, no âmbito cristão, caracteriza os seguidores de Jesus e tem significado de especial nobreza, indica o modo de ser e de agir do discípulo, daquele que segue o Senhor e aprende, aos poucos, a arte e o esforço do seguimento ou do discipulado.

Organizarmos a nossa vida para que, com alegria, possamos ter um encontro marcado diariamente com Aquele que sempre nos espera: O Mestre-Jesus. Mas atenção: quando marcamos um encontro com Ele, Ele sempre estará ali nos esperando. Vamos dar esse salto de qualidade: um discipulado fecundo vivido junto à fonte, o Mestre.

B) Escutar a voz do Mestre
Para quê o discípulo senta aos pés do Mestre? Para exercitar uma tarefa muito importante e difícil: escutar a voz do Mestre. O discípulo é aquele que, antes de tudo, quer aprender com o Mestre. Portanto, seu grande desafio é ter ouvidos de discípulo, atentos, sensíveis a voz do Mestre.

Jesus certa vez disse aos seus discípulos que eles eram felizes porque muitos profetas e reis desejaram ouvir o que eles ouviam e não o ouviram. Muitas vezes, na nossa correria, e cheios de boa intenção, falamos de Jesus para os outros, mas falamos pouco com Ele, e menos ainda O ouvimos. Outras vezes, paramos para orar, mas falamos tanto e não deixamos Ele falar conosco. É preciso pedir o dom da escuta ao Senhor e exercitar-se para adquiri-lo. É preciso rezar como rezava o jovem Samuel:

Fala, Senhor, que teu servo escuta
.
É interessante saber que a pessoa que nasce surda nunca poderá falar. E isso acontece na nossa vida espiritual também: se não ouvirmos a voz do Senhor, jamais poderemos falar com autoridade do seu nome!
A todo o momento o Senhor deseja falar conosco. É preciso estar atentos a Sua voz: é necessário treinar a escuta; o exercício do silêncio interior, e quando possível associado ao silêncio exterior, é um excelente caminho.

Deixemos o Senhor modelar a nossa escuta para que possamos rezar junto com o profeta Isaías:

Cada manhã ele desperta meus ouvidos para que eu escute como discípulo. O Senhor abriu-me o ouvido e eu não relutei, não me esquivei.

O maior exemplo de verdadeiro discipulado que exercita a escuta é a Virgem Maria, pois ela, mais do que ninguém, ao fazer a experiência de escuta de Deus, nos ensina o Evangelho que:
Maria conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração.

Que a Virgem do silêncio nos ajude nesse caminho de escuta do Mestre.

C) Obedecer ao Mestre
É impossível conceber um discípulo que não obedece ao seu Mestre. O verdadeiro discípulo de Jesus sabe obedecê-lo sempre. Pois a Palavra do Mestre é a verdade absoluta. Só é discípulo aquele que faz o que o Mestre ordena. No entanto, só obedece quem ouve! A própria raiz da palavra obediência é obaudire. A palavra audire significa ouvir. Portanto, obediência significa ouvir com atenção. O Catecismo da Igreja Católica ensina que:

obedecer na fé significa submeter-se livremente à palavra ouvida, visto que sua verdade é garantida por Deus, a própria verdade.

Jesus não somente diz a Verdade, mas Ele é a própria Verdade. Por isso, ainda que tudo pareça absurdo na ordem do Mestre, é preciso confiar Nele. O apóstolo Pedro fez essa experiência: depois de uma noite inteira de trabalho na pesca sem resultado, o Mestre lhe diz:

Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para pescar. Simão respondeu-lhe: Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos, mas por causa da Tua palavra, lançarei a rede.

Pode parecer um absurdo um carpinteiro ensinar um pescador experiente a pescar, mas ele não é um simples carpinteiro, e sim o Mestre dos Mestres, é Jesus de Nazaré!E Pedro fez a experiência de uma pesca abundante porque teve a coragem de obedecer a ordem do Senhor. Da mesma maneira, Pedro também fez a experiência de lançar no mar um anzol para pescar um peixe para extrair da barriga dele uma moeda; da mesma forma, a pedido do Mestre, foi buscar um jumento no povoado de Betfagé, para que ele pudesse entrar em Jerusalém sem saber quem era o dono, mas foi, e deu certo. Se o Mestre manda é preciso obedecer, mesmo sem entender tudo no momento. O bom discípulo vai precisar se arriscar na palavra do Mestre, essa é a obediência da fé. E não ficar questionando, pois somente pelo fato do Mestre estar ordenado é o melhor para nós e para os outros, e podemos executar sem receio algum.

O discípulo não é somente aquele que obedece ao seu Mestre, mas que o obedece em tudo. Não só naquilo que lhe parece fácil, ou no que mais lhe agrada. Seus discípulos são aqueles que cumprem a sua vontade. E a obediência não é só questão de fazer o que é certo, é antes de tudo um sinal de amor. Jesus disse aos seus discípulos:

Se alguém me ama cumprirá a minha palavra.

Nós não estamos falando aqui de uma obediência fria a Jesus - Mestre, mas uma obediência que brota do amor, que não se confunde com uma obrigação servil, mas vem da certeza que Nele estamos seguros, e que não há outra voz melhor para seguirmos, pois como o apóstolo Pedro diz:

A quem iremos nós Senhor, só tu tens palavras de vida eterna.

Uma obediência que serena e acalma o coração. Que nos leva a cumprir a vontade do Mestre. Por fim, para nos iluminar nesse assunto da obediência unida ao amor, sigamos o ensinamento de um dos grandes discípulos de Jesus - Mestre de nossos tempos, São Pe. Pio de Pietrelcina, que diz:

Onde não há obediência, não há virtude; onde não há virtude, não há bondade, não há amor; onde não há amor, não há Deus.

Texto extraído do livro "Sentinela da Manhã - Um caminho de discipulado", disponível através do site da Editora RCCBRASIL.

sábado, 23 de março de 2013

Levantai-vos Nação Brasileira


O Encontro Nacional de Formação para Coordenadores e Ministérios é uma grande oportunidade para que as lideranças do Movimento possam partilhar a Palavra de Deus e orarem juntos, buscando direcionamentos para as atividades do Movimento para o ano que começa. Nos intensos momentos de oração e prática dos carismas, Deus concede à RCC profecias, que devidamente confirmadas e discernidas, ajudam a nos guiar pelos caminhos de Jesus.

Durante o ENF 2013, uma Moção Profética foi recebida e confirmada. Leia e tome posse.

 PROFECIA:
“Levantai-vos Nação Brasileira. Este é o novo tempo, um tempo de batalha, mas também um tempo de vitória! Despi-vos de todo o pecado, de toda a arrogância, inveja, ciúmes e vanglória, pois o que tens vem de Mim, não são méritos vossos, mas graças que Eu vos dou, para servires aos irmãos na hora necessária. Se forem dóceis ao meu Espírito e humildes de coração, verão nesta Nação e por entre as Nações a minha glória!”
“Eu vos convoco, amigos, a serem em vossos corações como crianças, e que a confiança de criança, que tudo crê ser possível, seja alimento para suas ações, transformando-vos assim em guerreiros do meu Reino, com bravura e com o carinho e amor de crianças.”
“Não foi em vão que morri na Cruz, Eu vos chamei para que derrameis suor e sangue por Mim, pelo meu Reino, pelos meus amados.”

PALAVRAS DE CONFIRMAÇÃO:
Tb 4, 13-23 – “Guarda-te, meu filho, de toda a fornicação: fora de tua mulher, não te autorizes jamais um comércio criminoso. Nunca permitas que o orgulho domine o teu espírito ou tuas palavras, porque ele é a origem de todo o mal. A todo o que fizer para ti um trabalho, paga o seu salário na mesma hora: que a paga de teu operário não fique um instante em teu poder. Guarda-te de jamais fazer a outrem o que não quererias que te fosse feito. Come o teu pão em companhia dos pobres e dos indigentes; cobre com as tuas próprias vestes os que estiverem desprovidos delas.Põe o teu pão e o teu vinho sobre a sepultura do justo; mas não o comas, nem o bebas em companhia dos pecadores. Busca sempre conselho junto ao sábio. Bendize a Deus em todo o tempo, e pede-lhe que dirija os teus passos, de modo que os teus planos estejam sempre de acordo com a sua vontade. Faço-te saber também, meu filho, que quando eras ainda pequenino, emprestei a Gabael de Ragés, cidade da Média, uma soma de dez talentos de prata, cujo recibo tenho guardado comigo. Procura, pois, um meio de ir até lá para receber o sobredito peso de prata, restituindo-lhe o recibo. Procura viver sem cuidados, meu filho. Levamos, é certo, uma vida pobre, mas se temermos a Deus, se evitarmos todo o pecado e vivermos honestamente, grande será a nossa riqueza.”

II Ts. 3, 3 – “Mas o Senhor é fiel, e ele há de vos dar forças e vos preservar do mal.”

Eclo 44, 20-23 – “Abraão é o pai ilustre de uma infinidade de povos. Ninguém lhe foi igual em glória: guardou a lei do Altíssimo, e fez aliança com ele. O Senhor marcou essa aliança em sua carne; na provação, mostrou-se fiel. Por isso jurou Deus que o havia de glorificar na sua raça, e prometeu que ele cresceria como o pó da terra. Prometeu-lhe que exaltaria sua raça como as estrelas, e que seu quinhão de herança se estenderia de um mar a outro: desde o rio até as extremidades da terra.”

Is 35, 1-10 – “O deserto e a terra árida regozijar-se-ão. A estepe vai alegrar-se e florir. Como o lírio ela florirá, exultará de júbilo e gritará de alegria. A glória do Líbano lhe será dada, o esplendor do Carmelo e de Saron; será vista a glória do Senhor e a magnificência do nosso Deus. Fortificai as mãos desfalecidas, robustecei os joelhos vacilantes. Dizei àqueles que têm o coração perturbado: Tomai ânimo, não temais! Eis o vosso Deus! Ele vem executar a vingança. Eis que chega a retribuição de Deus: ele mesmo vem salvar-vos. Então se abrirão os olhos do cego. E se desimpedirão os ouvidos dos surdos; então o coxo saltará como um cervo, e a língua do mudo dará gritos alegres. Porque águas jorrarão no deserto e torrentes, na estepe. A terra queimada se converterá num lago, e a região da sede, em fontes. No covil dos chacais crescerão caniços e papiros. E haverá uma vereda pura, que se chamará o caminho santo; nenhum ser impuro passará por ele, e os insensatos não rondarão por ali. Nele não se encontrará leão, nenhum animal feroz transitará por ele; mas por ali caminharão os remidos, por ali voltarão aqueles que o Senhor tiver libertado. Eles chegarão a Sião com cânticos de triunfo, e uma alegria eterna coroará sua cabeça; a alegria e o gozo possuí-los-ão; a tristeza e os queixumes fugirão.”


DISCERNIMENTO:
O Senhor nos promete um tempo novo, de graças abundantes, mas é preciso uma conversão sincera de cada um de nós, uma renúncia radical às coisas do mundo que ainda estão presentes em nossas vidas. É preciso fazer um levantamento profundo de tudo aquilo que ainda não é de Deus em nós, em nossas vidas e, a partir daí, abandonarmos estas coisas velhas com a ajuda do Espírito Santo.

O Senhor tem nos falado insistentemente em nos desvencilharmos do orgulho e da arrogância. O orgulho é a origem de todo o mal, como nos diz a Palavra de Tobias. O Senhor nos pede um coração puro, humilde, submisso a Ele, dócil ao seu Espírito. Fidelidade à aliança feita com Ele. Meditar a Sua Lei.

Nesta Palavra de Tobias, Ele nos fala ainda de como Ele quer que nos relacionemos com os outros. Virtude Moral da Justiça.

Pedir a Deus que dirija nossos passos para que nossos planos estejam sempre de acordo com a Sua vontade.

O Senhor fala em tempo de graça, mas também em tempo de batalha, de provação da fé, de martírio pelo Seu Reino, pela missão.

Se isso fizermos a água irá correr no deserto em nossa vida pessoal, nos Grupos de Oração de nosso País, em nossa missão, em tudo o que nos envolve.

PASSOS ESPIRITUAIS:
1)      Levantamento pessoal daquilo que não está de acordo com a vontade de Deus em nossa vida;
2)      Firme propósito e trabalho de conversão com a ajuda do Espírito Santo;
3)      Cuidar para não ser tomado pelo orgulho, pela arrogância;
4)      Cultivar um coração de criança, puro, humilde, dócil ao Espírito Santo;
5)      Meditar e guardar a Lei do Senhor;
6)      Cuidar do relacionamento com os outros: que seja baseado na Virtude Moral da Justiça;
7)      Procurar alinhar nossos planos à vontade de Deus;
8)      Fortalecer as mãos desfalecidas e robustecer os joelhos vacilantes: recobrar o ânimo pessoal, a parresia, a fé expectante.
9)      Estar preparado para a batalha, para a provação da fé, para o martírio.
10)   Crer, tomar posse e desfrutar da Água Viva correndo em nossas vidas pessoais, em nossos Grupos de Oração, em nossos Ministérios, em tudo o que nos envolve.


terça-feira, 19 de março de 2013

Em 2013, vamos permanecer em ordem de batalha!


Em 2013, carismáticos do Brasil inteiro seguem unidos em intercessão pela Igreja e pelo nosso Movimento através da Mobilização Nacional de Oração. Para motivar todos a seguirem em ordem de batalha através da oração, o coordenadore nacional do Ministério de Intercessão, Luiz César Martins, retoma no texto abaixo os principais direcionamentos que guiam esse projeto. Confira!
Reconstruir a nossa identidade e espiritualidade é a proposta e o chamado contidos na moção da Reconstrução. Esta moção foi gestada a partir das reflexões do Conselho Nacional sobre as realidades da RCC presentes nos Grupos de Oração das dioceses em todo o nosso país. Ela nasceu durante a reunião do Conselho Nacional, em outubro de 2009 em Fortaleza/CE, quando após uma noite inteira de vigília de oração o Senhor nos falou em profecia:

“Coragem, não tenham medo. Erguerei muralhas de fogo em torno de vocês para proteger o que precisa ser construído, e também reconstruirei as muralhas na vida de cada um, as que desabaram. Quero vigias que zelem com fidelidade os projetos que estão no meu coração”.

A confirmação desta profecia veio através da Palavra em II Reis 6,8-17, onde Deus dá ao profeta Eliseu e também ao seu servo depois que Eliseu orou por ele, a capacidade de ver carros e cavaleiros de fogo ao redor da cidade para protegê-los, um exército celestial muito maior do que o exército que o rei da Síria havia enviado para combatê-los. E essa é a moção para nós: só ao “homem de Deus” é dada a capacidade de ver.

Desde então, estamos sendo motivados a investir em uma maior intimidade com o Senhor, aprofundando a nossa espiritualidade através da vivência das práticas espirituais do jejum, da oração pessoal, da leitura orante da Bíblia, da vivência dos sacramentos da penitência e da Eucaristia, da adoração ao Santíssimo Sacramento e da meditação do Santo Terço.

Esta intimidade com o Senhor diz respeito a trazer de volta a originalidade que ganhamos quando experimentamos o encontro pessoal com o Senhor e nesse processo, aprofundar a nossa espiritualidade é um elemento fundamental. Foi pensando nisso que iniciamos em 2012 uma grande mobilização nacional de oração onde durante as vinte quatro horas de todos os dias deste ano a RCC do Brasil se manteve em permanente oração de intercessão.

A partir desta mobilização de oração travamos um verdadeiro combate espiritual em defesa da nossa identidade e espiritualidade para que a nossa missão na RCC, que é exercida basicamente nos nossos Grupos de Oração, obtenha a eficácia desejada pelo Senhor.

Anunciar o nome de Jesus a todas as pessoas e exaltar seu Senhorio é a nossa missão e a razão de existirmos. Uma missão que ficou ainda mais fortalecida neste último ano com a Mobilização Nacional de Oração

Sabemos, no entanto, que todo combate espiritual sempre provoca uma reação do inimigo e, por isso, precisamos continuar alertas e em posição de batalha. Não podemos de forma nenhuma dar qualquer chance ao maligno e, portanto, é imprescindível a nossa mobilização no sentido de oferecer resistência àquele que incansavelmente investe contra os filhos de Deus.

Assim meus amados irmãos, neste ano somos convidados a nos manter mobilizados em constante oração de intercessão, oferecendo resistência ao mal, impedindo-o de entrar na nossa vida, na nossa família, no nosso Grupo de Oração, na RCC...

Não vamos parar e muito menos recuar!

Vamos avançar na busca de uma maior intimidade com o Senhor para nos tornar amigos de Deus. Este é um caminho seguro para exercermos o apostolado da efusão do Espírito Santo para semear na sociedade a Cultura de Pentecostes.

Procure saber o dia da RCC do seu estado e defina uma hora deste dia para você orar e junto com toda a RCC do Brasil vamos permanecer em ordem de batalha na defesa da nossa espiritualidade e da nossa identidade como carismáticos.

Louvado seja o Senhor.

Luiz César Martins
Coordenador Nacional do Ministério de Intercessão

Nem Rambo, nem estrela do rock: os desafios do novo Papa


A Igreja, valha a comparação, é uma empresa de carácter espiritual, cujos ativos são formados pela fé e pela santidade dos seus membros, e cujos passivos são as suas fraquezas. Daí o primeiro desafio do novo papa: elevar a temperatura espiritual de 1,2 bilhão de católicos dispersos pelo mundo todo, ou seja, aumentar os ativos espirituais da Igreja católica. Para dizê-lo em palavras do papa emérito Bento XVI: Nas últimas décadas, o poder do homem cresceu de maneira inimaginável… Mas não aumentaram as nossas capacidades morais. O grande desafio consiste em descobrir como podemos ajudar a superar essa desproporção". Nessa tarefa de potencializar “as capacidades morais" da Igreja, o recém-eleito terá de realizar uma ingente tarefa pastoral entre os fiéis católicos. Daí a necessidade de ele ter uma profunda espiritualidade.

O segundo desafio é abrir o mercado das ideias para os valores do espírito. Existe uma certa “banalização do mal”, que costuma se transformar em uma sutil ditadura do relativismo. Ela exigirá do papa uma grande fortaleza para tirar os crentes do abismo em que o “antimercantilismo moral” os jogou: uma espécie de medo de entrar no jogo da livre concorrência das ideias e dos valores morais, que costumam ser decididos além dos refúgios da decência moral. Medo que esconde uma falta de esperança na força atrativa dos valores cristãos. É preciso tirá-los dessa posição de fechamento em si mesmos, dessa “doença do absentismo”, que, enquanto a sociedade segue o seu curso, permanece alheia e indiferente às ambições, incertezas e perplexidades dos homens contemporâneos.

Um desafio geográfico

O terceiro desafio é geográfico. O primeiro milênio foi o da cristianização da Europa; o segundo, o do início e avanço do cristianismo na América. O terceiro, e nisto o novo papa terá um protagonismo especial, aponta como uma flecha para a Ásia e para a África. Não é casual que os dois últimos pontífices tenham viajado um total de quinze vezes para a África, e João Paulo II tenha ido treze vezes à Ásia.

Não deve ser esquecido que o grande novum do século XXI é o ressurgir das grandes religiões. A sociologia, cada vez mais claramente, identifica a dessecularização como um dos fatos dominantes do mundo no fim do século XX e no começo do XXI. Há um progressivo despertar do fato religioso na América, na África e na Ásia, que contrasta com as tendências secularizantes na velha Europa. O novo papa não poderá ser eurocêntrico, mas “mundocêntrico”. Precisará levar em conta o potencial das raízes cristãs da Europa, mas sem esquecer que o futuro do cristianismo está em outros continentes. Repare-se que o novo papa será a cabeça da religião com mais fiéis do mundo: 1,2 bilhão de católicos, dos quais 49,4% vivem na América e 15,2% na África.

Rambo e estrela de rock?

Existe uma reforma, estrutural, digamos, de enorme importância, que deixará em tensão a capacidade organizadora e reformadora do novo pontífice. Trata-se da preparação intelectual, humana e espiritual de 721.935 religiosos e 412.236 sacerdotes espalhados pelo mundo. Uma tarefa diretamente conectada com a eficácia dos maiores responsáveis, na Igreja, pela difusão da mensagem cristã. Não pode ser esquecido que os problemas de pedofilia são causados diretamente por uma notável falta de maturidade afetiva e intelectual em alguns seminaristas e, depois, sacerdotes. Algumas universidades católicas da América e da Europa, influenciadas pela revolução sexual dos anos sessenta, desenvolveram o ensino com uma concepção equivocada da sexualidade humana e da teologia moral. Como toda a sua geração, alguns dos seminaristas não ficaram imunes a este fenômeno e agiram, depois, de modo indigno. Evitar novos problemas e aumentar a eficácia da própria Igreja católica é algo conectado com este problema de formação.

Todos esses desafios, enfim, junto com o de injetar na humanidade a ideia de que a luta contra os grandes bolsões de pobreza não é só um problema de filantropia, mas um verdadeiro “impulso divino”, exigem uma grande força espiritual do novo papa. Isto não quer dizer que ele deva ser, como sugere o New York Times, uma espécie de novo Rambo com um quê de estrela do rock, capaz de lutar em todas as frentes.

O novo papa não está sozinho. Ele é a cabeça de um corpo espiritual imenso. O importante não é, agora, a “artilharia pesada”, mas o impulso à “infantaria ligeira” formada por um bilhão e duzentos milhões de católicos espalhados pelo mundo inteiro.
  

Por Rafael Navarro-Valls é catedrático, acadêmico e autor do livro “Entre o Vaticano e a Casa Branca"


Rafael Navarro-Valls (via Zenit.org)