sábado, 28 de dezembro de 2013

O cansaço existencial: por que tudo me cansa?

Por que as coisas nos cansam tanto? Será que estamos cansados de viver, ou talvez cansados até de nós mesmos? Que tipo de cansaço nos pesa mais: o físico, o psicológico, o espiritual?
Chama a atenção como os grandes santos dormiam pouco, comiam pouco, trabalhavam muitas horas e dedicavam um longo tempo à oração. E estavam sempre alegres, inclusive quando seu corpo parecia destruído. Ficavam esgotados, mas não cansados de doar-se a Deus e aos outros. Neles se cumpria a máxima de São João da Cruz: “A alma que anda no amor não cansa nem se cansa”.
Os grandes santos estavam enamorados de Cristo, Esposo e Senhor, e se deixavam amar por Ele. Em suas vidas, sempre houve sofrimento, contrariedades, desprezos, traições. Mas eles nunca perderam a alegria. Sim, enamorados de Cristo, entregaram-se completamente.
Então, por que hoje, na Igreja, há tantas pessoas cansadas? O que acontece?
São múltiplos e muito variados os motivos do cansaço. O cansaço físico contínuo, sem o apoio do Espírito Santo, causa desgaste psicológico. Daí se passa à falta de motivação para orar, para estar diante do Senhor, para deixar-se tocar pela Palavra. Apaga-se a vida espiritual, a relação com o Amado e, por conseguinte, chega a exaustão espiritual, a preguiça.

cansaço psicológico pode vir pela desordem da vida, pela contínua mudança de horários, pela inconstância nas tarefas, pela bagunça ou falta de limpeza no quarto ou sala de trabalho, pela compensação na comida, pela falta de vontade em tudo.
Há cansaço pela forma de enfrentar os trabalhos, as contrariedades, os fracassos, os conflitos. Há cansaço quando o trabalho (escolar, manual, intelectual, familiar) é vivido com voluntarismo ou perfeccionismo; quando a pessoa estabelece metas acima das suas possibilidades, ou baseada na comparação ou inveja com relação aos resultados dos outros, ou com o desejo de superar todos. Isso esgota e causa insatisfação.
No cristão, o cansaço pode chegar quando não se confia no Senhor, quando não se coloca em suas mãos as próprias lutas, esperanças, problemas, fracassos, angústias; quando a pessoa se instala no ceticismo ou se apega a pequenas preocupações; quando se dá muita importância ao que é transitório, insignificante, efêmero.
cansaço pode aparecer na vida do cristão também quando falta humildade para pedir ajuda diante das dificuldades ou problemas, e a pessoa quer resolver tudo sozinha, fechando-se cada vez mais em si mesma, contando somente com suas forças, o que leva a um fracasso maior ainda.
Como enfrentar o cansaço físico e psicológico, para manter o tônus espiritual?
“Vinde a mim todos os que estão cansados, e eu os aliviarei” (cf. Mt 11, 28). A vida não os pertence. Tudo é de Deus. Dele viemos e a Ele voltaremos. Enquanto caminhamos nesta terra, Jesus Cristo está sempre ao nosso lado, sustentando, motivando, iluminado nossa existência.
Ele conhece nossas alegrias e tristezas, nossas esperanças e angústias, nossas luzes e sombras, nosso combate interior. O que Ele deseja é que contemos com Ele, que estejamos sempre na sua presença, que Ele habite no mais íntimo da nossa interioridade.
Ser cristão não nos poupa de lágrimas, mas dá sentido aos nossos sofrimentos. Ser discípulos de Jesus aumenta o “peso” da vida – segundo os critérios do mundo. É verdade. Mas o próprio Jesus nos disse: “Tomai o meu jugo”. E acrescentou: “Porque meu jugo é suave e meu peso é leve” (cf. Mt 11, 30).
O jugo é suave porque é sua amizade incondicional; e o peso é leve porque Ele o carrega conosco. Carregamos um tesouro em vasos de barro, para que se veja que uma força tão extraordinária vem de Deus, não de nós.
Deus é fiel e não permitirá que sejamos tentados acima das nossas forças; pelo contrário, com a tentação, encontraremos também a maneira de poder suportá-la (cf. 1 Cor 10, 13).


Artigo de Miguel Ángel Arribas, publicado originalmente pelo Seminário Conciliar de Madri
Fonte: Aleteia

Propósitos para 2014

Sinceramente, fico um pouco desanimada quanto leio textos, reflexões ou ouço discursos sobre as mudanças propostas para o novo ano que se inicia. Perder peso, entrar na academia, começar a namorar, largar aquele vício... Sai ano, entra ano, e as promessas se desfazem como as ondas do mar. Você já conseguiu cumprir algum desses propósitos que fez no Reveillon? Parece que o ser humano tem a necessidade de marcar etapas, segmentar a própria história, ter a oportunidade de um recomeço declarado. Mas, cada vez que promete e não dá seguimento, surge frustração e desânimo, e a esperança de mudar fica abalada. Quando atendo pessoas que estão lutando contra vícios, um dos trabalhos mais difíceis é recuperar a esperança da família. Depois de tantas promessas e tentativas não aproveitadas, é difícil acreditar que dessa vez pode realmente dar certo.
E porque somos assim? Porque fazemos propósitos e não conseguimos cumprir? Porque sonhamos com uma mudança mais rápida e andamos tão lentamente? Todos nós temos motivos para sermos como somos no hoje. Nossas histórias, nossos dons, nossa personalidade, nossos traumas, as curas que já permitimos Deus fazer em nós... Tudo isso nos construiu (pelo bem ou pelo mal) para sermos o que somos, para chegarmos onde estamos.
E por isso, mudar não é algo que pode vir de fora para dentro (como uma simples promessa do que gostaria de fazer). Mudar é um movimento interior, que exige uma autoavaliação verdadeira onde, vendo o que nos desagrada, somos motivados a buscar ser diferente. Estamos caminhando, em construção. Somos obras inacabadas, que podem permitir ou não que o oleiro nos molde com maior ou menor rapidez, de acordo com a dureza do nosso barro, de acordo com o apego que temos ao que já nos tornamos. Uma vez vi num programa de TV que o barro reaproveitado (quando se desfaz um vaso já trabalhado) é mais maleável do que quando foi modelado pela primeira vez. Mas, fico imaginando, como deve ser difícil para um vaso abrir mão do que já tem. Ele já foi amassado, modelado, queimado no fogo, pintado, tem função definida... E o oleiro o desfaz para começar do zero, e fazê-lo novo. Não é fácil se abrir à mudança, recomeçar. Tem que ser uma obra de Deus! Só há alegria em ser remodelado quando se confia que o Oleiro, em Sua perfeição, pode nos fazer melhor, pode extrair de nós mais do que já fizemos. É a confiança na experiência do Oleiro que faz com que o vaso se permita ser num primeiro momento destruído. Quando se conhece com quanto amor e zelo, com quanta perfeição e perseverança Aquele Oleiro costuma tratar do seu pobre barro, é possível se render ao novo. A esperança do salmista nos faça rezar junto com ele: “O Senhor completará o que em meu auxílio começou. Senhor, eterna é a vossa bondade: não abandoneis a obra de vossas mãos.” (Sl 137,8).
Acredito firmemente que a mudança do mundo só acontecerá se for um movimento interior, uma conversão pessoal ao verdadeiro Amor. Digo isso olhando para o mundo externo (política, corrupção, vícios, violência), mas também falando sobre nossas mudanças mais simples, mais cotidianas. Nossos propósitos só terão força e sentido quando forem uma resposta ao que Ele pede para mim. Temos grandes santos (doutores!) que nos ensinam isso. Santo Agostinho viveu uma longa e dolorosa luta para alcançar o equilíbrio sexual. Costuma-se atribuir a ele a frase: “Dai-me continência e castidade, mas não agora”. Depois de tantas tentativas, ele sentiu de Deus o chamado ao sacerdócio, e então, conseguiu alcançar o propósito de santidade que tanto queria. Santa Teresa D´Ávila, já como freira, viveu por muitos anos a luta para deixar as conversas fúteis e os presentes que recebia nos pátios do convento. Naquele tempo, os conventos eram locais frequentados pela alta sociedade como ponto de encontro e conversa. E ela só conseguiu se livrar desse hábito que lhe roubava tempo e atenção depois de uma oração, feita diante de Jesus crucificado. Ela perguntou: "Senhor, quem vos colocou aí?". E ouviu interiormente: "Foram tuas conversas no parlatório que me puseram aqui”.A mudança veio desse encontro com Deus.
Não quero lhe desanimar de fazer propósitos na virada de ano. Quero apenas abrir seus olhos para entender que eles são inúteis se não partirem do seu interior, se não brotarem do desejo de Deus para você. Qual mudança Deus pede de mim para 2014? Qual sonho Ele reservou para ser concretizado neste ano? Em qual projeto devo me empenhar? Qual é o presente que Ele reservou para mim? Que a força do Espírito Santo torne seus propósitos verdadeiros e cristãos, e lhe dê força para concretizá-los! Feliz 2014!

 
Roberta Lima
Coordenadora Estadual do Ministério de Música e Artes do Espírito Santo
Grupo de Oração Imaculada Mãe de Deus

sábado, 16 de novembro de 2013

Toda superstição é pacto com o Demônio.

Deus muda o nosso coração com a oração. Ontem falei um pouco sobre a virtude da religião, que é como a justiça aplicada a Deus. Jesus nos disse: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22). “E o que é de Deus, padre?” É dar a Ele o que Lhe é devido: a honra, a glória, a adoração. Isso também é uma virtude, uma disposição interior, de dar a Deus o que pertence a Ele.

Como toda virtude, ela [a virtude da religião] cresce com o exercício. Uma pessoa que quer andar de bicicleta, por exemplo, tem que treinar. Da mesma forma, quem quer tocar violão, deve tocar um dia, dois dias, três dias; ninguém nasce aprendendo a tocar violão. Quem me ensinou a rezar? Minha mãe. A religião é uma virtude que se aprende; e a Igreja é esta grande família que nos ensina a rezar, é só olhar a vida dos santos.

De duas grandes formas se pode pecar contra essa virtude: sendo omisso, ou seja, não dando a Deus o que Lhe é devido, ou fazendo aquilo que é contrário a Ele. Deste último temos o pecado da irreligião e o de superstição.

O pecado de irreligião é não ter respeito ou aversão ao que é sagrado. Por exemplo: jogar futebol é uma coisa boa? Sim. E jogar futebol dentro da igreja? Claro que não, isso seria um sacrilégio. Jesus, por exemplo, ficou irado e expulsou os vendilhões do templo quando viu que faziam comércio na casa de Deus, no templo de Jerusalém.

Mas, hoje, gostaria de falar de um pecado que está crescendo muito no mundo, o da superstição. Por este pecado o demônio adquire um domínio maior sobre nós do que por intermédio de outros pecados. A superstição é divinizar o que, na realidade, não é divino. E existem três grandes formas de superstição: a idolatria, a adivinhação e a magia.

Na adivinhação você coloca verdade e confiança em algo que não vem de Deus, como, por exemplo, nos búzios, nas cartas, nos adivinhos, entre outros. Na magia, você faz algo muito parecido, mas não em termos de conhecimento, mas sim de poder, ou seja, você busca uma força que não é a de Deus, é oculta, não vem de Jesus de Nazaré. Você vai a um bruxo, vai a um curandeiro ou cartomante para buscar algo que só Deus pode lhe dar. O povo de Israel chamava esta prática de adultério para com Deus. Tem gente que vai à Missa num dia e no outro vai ao terreiro [de práticas ocultas].  

Cuidado, meu irmão, isso é muito perigoso! Isso é um pecado de irreligião, ou seja, é como se você estivesse dizendo para Deus: "Olha, aquilo que só o Senhor poderia me dar eu estou buscando em outro lugar, pois eu não confio no Seu poder".

 
"O demônio engana muita gente!", alerta padre Duarte Lara.
Foto: Wesley Almeida/Cancaonova.com


Nós perdemos esta sensibilidade espiritual, e ainda dizemos: "Ah! Mas isso não vai fazer mal a ninguém!". A Palavra de Deus diz que estas práticas [ocultas] são abomináveis! (cf. Dt 10, 12). Ao praticá-las você estará traindo o seu Deus! O Catecismo da Igreja Católica afirma que toda forma de adivinhação deve ser rejeitada.

O demônio engana muita gente, dizendo que não tem problema frequentar estes lugares, buscar um bruxo, etc., mas depois ele lança o veneno, divide os casais, faz a pessoa pecar contras as coisas sagradas. 

Santo Tomás de Aquino ensina que “toda adivinhação é obra de demônio", e Santo Agostinho escreveu um livro inteiro condenando a prática da adivinhação, afirmando que recorrer a estas práticas é fazer pactos com o demônio. Estes cultos de adivinhação trazem implícito um pacto com o demônio, e para ser liberto desse pacto é preciso uma renúncia explícita. Adivinhação é quando você pede ajuda ao demônio para conhecer coisas futuras ou coisas escondidas. “O demônio sabe das coisas futuras, padre?” Não, ele age como um meteorologista, ele faz cálculos para dizer o que vai acontecer.

Santo Afonso Maria de Ligório, bispo e doutor da Igreja, alerta que quem busca adivinhos ou invocação dos mortos (necromancia) faz um pacto explícito com os demônios. Esse santo afirma que os supostos espíritos que falam nos médiuns são, na verdade, os demônios. As pessoas ficam espantadas porque os médiuns falam com a voz do pai, da mãe, de um ente querido que morreu, porque o demônio também conhece os nossos entes queridos. Abra o olho porque aquele que fala ali não é a pessoa que já morreu, mas sim o demônio!

Todo tipo de adivinhação ou invocação de mortos é pecado grave e deve ser confessado, nos ensina a Igreja. São estes pactos que abrem as portas para a ação do demônio em nossas vidas. Daí começam a acontecer coisas em você, no seu corpo, doenças que não têm explicação, desmaios, etc. Isso porque você foi mexer com fogo, foi buscar solução em lugares que não vêm de Deus.

fonte: Transcrição e adaptação: Daniel Machado(@dancaonova)

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Uma resposta de amor em agradecimento às bênçãos do Senhor

altAo findar de mais um ano, a Renovação Carismática Católica do Brasil olha para os frutos colhidos dentro dos nossos congressos estaduais, encontros de formação e projetos de missão como eventos que atuaram como fontes de fé, reavivamento e ação! Algo que reflete na vida de toda família carismática e chega até os Grupos de Oração proporcionando mais unção e unidade na implantação da Cultura de Pentecostes.

 
 
Por isso, os projetos de evangelização, como o da Sede Nacional, contemplam parte destes frutos, na qual, merecem nossa atenção especial. É o que o Conselho Nacional, em reunião, na cidade de Aparecida/SP discerniu para o Movimento, em dezembro de 2013.
Somos chamados a retribuir da maneira especial o que o Senhor nos fez, em resposta às tantas graças recebida ao longo deste ano, dentre elas, a etapa atual da altconstrução da Nossa Casa Nossa Bênção. E ela não pode parar, precisamos de novos impulsos que nos apoiarão nesta missão. A contribuição livre de cada Grupo de Oração, por meio de coletas entre nossos irmãos nos fará honrarmos com nossos compromissos do Movimento, como os projetos missionários e a construção da Sede Nacional.
Foi encaminhado ontem (06) a carta e o DVD direcionado a cada Grupo de Oração pelas palavras da nossa presidente, Katia Roldi, explicando sobre o funcionamento deste projeto e fazendo seu convite a colaborar com essa etapa.
Ajude seu coordenador de Grupo de Oração e seja luz neste projeto divulgando nossas obras e contribuindo para que a construção da Nossa Casa Nossa Bênção possa continuar.

Veja no vídeo a partilha sobre o andamento da Obra Nossa casa nossa Bênção e o pedido de nossa presidente nacional para retribuir com amor a RCC as obras que o Senhor nos proporcionou! Assita aqui.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O que é o encontro?

O Encontro Nacional de Formação para Coordenadores e Ministérios é um momento de profunda oração, formação geral e específica e escuta profética. Outro aspecto muito importante é a partilha dos projetos e serviços em andamento e das Moções Proféticas que direcionam os trabalhos do Movimento em todas as instâncias.

O ENF se consolida a cada ano entre os líderes da RCC e tem sido um dos eventos que mais fortalecem a unidade entre os membros do Movimento no Brasil, pois é destinado a coordenadores estaduais, diocesanos, de ministérios, de Grupos de Oração, de equipes e núcleos de serviço.
Durante este encontro os membros de todos os Ministérios se reúnem para receber formação sobre questões específicas de cada serviço, além de participarem de momentos de partilha, vivência fraterna e oração, nos diversos workshops que ocorrem durante o encontro. Em 2014, o evento acontecerá de 22 a 26 de janeiro, em Aparecida/SP.






Mais informações ou dúvidas, contato pelo e-mail: eventos@rccbrasil.org.br

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Ministério de Promoção Humana a serviço do próximo

“Perde o teu dinheiro em favor do teu irmão e de teu amigo; não o escondas debaixo de uma pedra para ficar perdido. Gasta o teu tesouro segundo o preceito do Altíssimo, e isso te aproveitará mais do que o ouro.” (Eclo 29, 13-14).
A missão do Ministério de Promoção Humana na Renovação Carismática Católica é despertar nas mentes e nos corações dos cristãos católicos a consciência da necessidade urgente de ver no irmão, carente e necessitado, a presença viva de Deus.
Tal missão é da vontade do Senhor Jesus, pois nas Sagradas Escrituras pode-se vislumbrar esta verdade quando se lê na Carta de São Paulo aos Efésios (2, 8-10) que “é gratuitamente que fomos salvos mediante a fé. Isto não provém de nossos méritos, mas é puro dom de Deus. Não provém das obras, para que ninguém se glorie. Somos obra sua, criados em Jesus Cristo para as boas ações, que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos”.
Portanto, é da vontade de Deus que se vivencie a caridade e, consequentemente, se colabore na libertação de irmãos aprisionados em seus sofrimentos.
Para isso, torna-se necessário que todo trabalho a ser desenvolvido seja em unidade com a Igreja, buscando no amor o vínculo desta mesma unidade, consciente da pertença ao Corpo Místico como membro ativo, cuja cabeça é Cristo, tendo no Espírito Santo a fonte que une a todos.
Convém lembrar que a unidade não exclui a diversidade de dons e carismas, considerando sempre que aquilo que une os filhos de Deus é mais forte do que aquilo que os separa.
Em razão da índole secular dos fiéis leigos, como membros do Corpo Místico de Cristo, estes têm a missão de tornar a Igreja presente e operosa em lugares e circunstâncias onde apenas eles podem chegar como participantes no múnus sacerdotal, profético e real de Jesus Cristo, executando as suas tarefas como SERVOS, a exemplo do Filho do Homem que não veio para ser servido, mas para servir.
O Servo, como Agente de Promoção Humana, encontra nas bem-aventuranças a imagem perfeita e verdadeira do Servo por excelência, Jesus Cristo.
A vontade de Deus para todo servo é a sua santificação, devendo buscá-la constantemente através dos meios apresentados pela Igreja para se chegar a esta santidade, espelhando-se na “lei fundamental da perfeição humana” e, portanto, na transformação do mundo por meio do ativo serviço fraterno.
“Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1, 26a). Diante dessa Palavra, o ativo serviço fraterno tem como objetivo a promoção do homem todo e de todo o homem, buscando resgatar e restaurar nele a imagem e semelhança de Deus perdida em razão do pecado.
O trabalho de Promoção Humana deve ser espelhado na missão salvífica de Jesus Cristo, quando diz que: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para por em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor.” (Lc 4,18-19; Is 61, 1s).
O verdadeiro trabalho de Promoção Humana deve englobar todas as dimensões da vida do homem, atingindo o campo social, político e religioso.
Portanto, o trabalho promocional não deve ser assistencialista, mas sim evangelizador e, portanto, libertador, levando o homem marginalizado a descobrir sua dignidade de filho de Deus e buscar, a partir daí, sua própria libertação até chegar à promoção humana propriamente dita.

Trecho retirado do novo material de Formação do Ministério de Promoção Humana. Os dois módulos da apostila “Formação de agentes de Promoção Humana” estão disponíveis no site da Editora RCCBRASIL.


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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Santidade, vocação universal dos cristãos

altO calendário da Igreja nos oferece, neste final de semana, duas faces da magnífica medalha cunhada por Deus, que é a nossa vida: o Dia de todos os Santos e a Comemoração dos Fiéis falecidos. Olhamos primeiro para o ponto de chegada, que corresponde ao magnífico destino para o qual fomos criados, a plenitude da vida e da felicidade junto de Deus, “uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar” (Ap 7, 9). Temos a certeza de que Ele não fez ninguém para a perdição, mas todos têm em si a vocação para a plena realização de todas as suas potencialidades. Tanto é verdade que o Pai do Céu enviou seu próprio Filho, como nosso Salvador e Redentor, para que todos tenham vida e vida em abundância (Jo 10,10).

 
 
Vida plenamente humana é aquela que enxerga o horizonte aberto pelo próprio Deus. A Solenidade de todos os Santos indica a perspectiva da existência marcada por uma realidade descoberta pela fé: “Desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é” (1 Jo 3,2). Santidade é para todos! Se nos alegramos com a iminente canonização de dois papas do nosso tempo, os Beatos João XXIII e João Paulo II, é para que sejam reconhecidos como referência e como possibilidade. São duas personalidades carregadas de humanidade, cujo percurso histórico nesta terra teve muito de parecido conosco. São homens que vieram de famílias muito simples, lutaram e amadureceram em tempos de desafios grandes, com a provocação das ideologias do século XX. Souberam dialogar com a cultura de nossa época, alegraram-se e sofreram com as mesmas realidades que até hoje nos envolvem. Percorreram o caminho dos bem aventurados, de olhos fixos naquele que é “o bem-aventurado”, Jesus Cristo: os pobres em espírito, dos quais é Reino dos Céus; os aflitos,  que  serão consolados; os  mansos, porque possuirão a terra; os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados; os misericordiosos, que alcançarão misericórdia; os puros de coração, porque verão a Deus; os que promovem a paz, chamados filhos de Deus; os que são perseguidos por causa da justiça, de quem é o Reino dos Céus!  Homens e mulheres que se descobriram felizes quando injuriados e perseguidos por causa de Cristo. Pessoas portadoras de uma alegria invencível, certos da recompensa nos céus (Cf. Mt 5, 1-12).
A santidade, vocação universal dos cristãos, começa com coisas simples. João XXIII registrou em seu Diário íntimo um caminho bom para todos, adequado para uma festa de Todos os Santos bem vivida, chamado Decálogo da serenidade:
“1. Procurarei viver pensando apenas no dia de hoje, exclusivamente neste dia, sem querer resolver todos os problemas da minha vida de uma só vez; 2. Hoje, apenas hoje, procurarei ter o máximo cuidado na minha convivência, cortês nas minhas maneiras, a ninguém criticarei, nem pretenderei melhorar ou corrigir à força ninguém, senão a mim mesmo; 3. Hoje, apenas hoje, serei feliz. Na certeza de que fui criado para a felicidade, não só no outro mundo, mas também já neste; 4. Hoje, apenas hoje, adaptar-me-ei às circunstâncias, sem pretender que sejam todas as circunstâncias a se adaptarem aos meus desejos; 5. Hoje, apenas hoje, dedicarei dez minutos do meu tempo à uma boa leitura, recordando que assim como o alimento é necessário para a vida do corpo, a boa leitura é necessária para a vida da alma; 6. Hoje, apenas hoje, farei uma boa ação, e não direi a ninguém; 7. Hoje, apenas hoje, farei ao menos uma coisa que me custe fazer, e se me sentir ofendido nos meus sentimentos, procurarei que ninguém o saiba; 8. Hoje, apenas hoje, executarei um programa pormenorizado. Talvez não o cumpra perfeitamente, mas ao menos o escreverei, e fugirei de dois males, a pressa e a indecisão; 9. Hoje, apenas hoje, acreditarei firmemente, embora as circunstâncias mostrem ao contrário, que a Providência de Deus se ocupa de mim, como se não existisse mais ninguém no mundo; 10. Hoje, apenas hoje, não terei nenhum temor, de modo especial não terei medo de gozar o que é belo, e de crer na bondade”.
A santidade que começa com muita simplicidade é destinada a fazer o bem aos outros. Não é feita para aparecer, não se incha de orgulho. Sua motivação de fundo é a caridade, sem a qual nada vale neste mundo. Até porque é apenas a caridade que será levada para o encontro definitivo com Deus, “o lado de lá”, quando veremos face a face o Senhor. Ela é uma aventura feliz e bem sucedida, construída no dia a dia e unificada pelo fio de ouro do amor de Deus, que nos faz ver o sentido de tudo o que vivemos. De fato, tudo concorrerá para o bem dos que amam a Deus (Cf. Rm 8, 29)!O Livro do Apocalipse vê uma imensa multidão, de toda língua, raça, povo e nação, “os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro” (Cf. Ap 7, 2-14).
O “lado de lá” é preparado pelo “lado de cá” bem vivido, com o qual os homens e as mulheres se preparam para a páscoa pessoal, enfrentando todas as dificuldades e ultrapassando o misterioso e também magnífico umbral da morte. Como ninguém ficará para semente nesta terra, ocorre meditar sobre esta realidade, tomar consciência de sua seriedade e preparar-se bem. Morremos do jeito que vivemos. Nossa morte e nosso Céu se constroem no dia a dia, para que o dia do Senhor não nos surpreenda, mas nos encontre vigilantes e preparados!
Ninguém precisa ficar preocupado com a morte, mas viver bem, amando a Deus e ao próximo, semeando o bem e a bem-aventurança. E quando a morte chegar, será a oportunidade de virar o jogo! O segredo está, também aqui, em nosso Salvador: “Ninguém tira a minha vida, eu a dou livremente” (Jo 10,18).  Vale a pena antecipar a morte! Sim, morrendo cada dia para o egoísmo e para a maldade, transformando em dom a Deus e aos outros cada ato de nossa existência. Quem viver assim poderá dizer com São Paulo: “Para mim, de fato, o viver é Cristo e o morrer, lucro. Ora, se, continuando na vida corporal, eu posso produzir um trabalho fecundo, então já não sei o que escolher. Estou num grande dilema: por um lado, desejo ardentemente partir para estar com Cristo – o que para mim é muito melhor; por outro lado, parece mais necessário para o vosso bem que eu continue a viver neste mundo” (Fl 1,21-24). Que cheguemos a tais alturas: “Sabemos que, se a tenda em que moramos neste mundo for destruída, Deus nos dá outra moradia no céu, que não é obra de mãos humanas e que é eterna. Aliás, é por isso que gememos, suspirando por ser sobrevestidos com a nossa habitação celeste; sobrevestidos digo, se é que seremos encontrados vestidos e não nus. Sim, nós que moramos na tenda do corpo estamos oprimidos e gememos, porque, na verdade, não queremos ser despojados, mas sim sobrevestidos, de modo que o que é mortal em nós seja absorvido pela vida. Quem nos preparou para isto é Deus, que nos deu seu Espírito em garantia. Estamos sempre cheios de confiança e bem lembrados de que, enquanto moramos no corpo, somos peregrinos, longe do Senhor; pois caminhamos pela fé e não pela visão. Mas estamos cheios de confiança e preferimos deixar a moradia do nosso corpo, para ir morar junto do Senhor” (2 Cor 5, 1-8). "O lado de lá e o lado de cá"



alt
 Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará
Assessor Eclesiástico da RCCBRASIL

Grupo de Oração na Praça leva evangelização além das paredes da igreja

A Renovação Carismática Católica do Setor Poços de Caldas, da Diocese de Guaxupé/MG celebrou neste mês 3 anos do Grupo de Oração na Praça. Com aproximadamente 250 pessoas, entre membros da RCC, moradores e turistas, o evento foi realizado no Parque José Afonso Junqueira, um dos cartões postais mais bonitos de Poços de Caldas/MG.
O Grupo de Oração foi iniciado com a oração do santo terço e a animação ficou por conta do Ministério de Música Voz do Santíssimo, da cidade de Bandeira do Sul/MG. A pregação foi ministrada por José Nivaldo Ribeiro, de Petúnia/MG, que convidou os participantes a deixarem a vida de pecado e converter-se a Jesus Cristo.
Marcos Cássio Batista, coordenador de Grupo de Oração em Poços de Caldas, esteve presente no evento. Para ele, é uma bênção ter esta oportunidade tão ousada de levar Jesus além das paredes da Igreja, O fazendo chegar a quem realmente precisa conhecê-Lo.
Depois muita oração e momentos de animação, o grupo foi encerrado com o diretor espiritual da RCC Setor Poços, Padre Alessandro Oliveira Faria, que abençoou todos os participantes e os terços distribuídos como lembrança.
O Grupo de Oração na Praça é um projeto que busca evangelizar nas ruas e periferias, ir onde o povo está. No Setor de Poços de Caldas, o evento ocorre uma vez por mês, unindo servos de vários Grupos de Oração, que se reúnem para evangelizar para fora da igreja, levando a experiência da Cultura de Pentecostes às ruas. Além de Poços de Caldas, o Grupo de Oração na Praça já aconteceu em Bandeira do Sul e Cabo Verde.

Confira as fotos abaixo:



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 







Fonte: Ministério de Comunicação RCC Guaxupé/MG

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Não extingais o Espírito: as resistências geradas pelo estilo de vida atual

O bloqueio ao exercício da escuta a Deus pode ter muitos motivos e um dos aspectos que é importante ser abordado refere-se ao estilo de vida a que estamos submetidos e como isso nos afasta das coisas espirituais. Acompanhe o trecho, tirado do capítulo 2 do livro “Não extingais o Espírito” de Renato Menghi.

alt“Em 1989, Francis Fukuyama publicou um artigo intitulado “O Fim da História”. Nele, afirmava que o desmoronamento do aparelho soviético e a propagação de uma cultura de consumo no leste da Europa significavam a vitória do sistema capitalista, o que poderia ser visto como o fim da procura por um tipo de sociedade ideal. Ele próprio reviu esses pensamentos posteriormente, mas as proposições desse artigo desencadearam um grande debate na sociedade.
Até que surjam possibilidades de organização social que modifiquem o painel atual, uma pergunta permanece: será que somos por natureza afeitos à concorrência e à competição? Será que a cultura do consumo está nos satisfazendo como estilo de vida pessoal e social? Quando observamos o quadro atual da nossa sociedade vemos, entretanto, muitos problemas que apontam para o fato de que estamos ainda muito longe da satisfação. Não gostaria de fazer uma lista, mas somente para que nos lembremos de alguns, podemos ver a escalada da depressão, das drogas, do esfacelamento de tantas famílias, da violência urbana etc.
Temos percebido também, quanto ao consumo de bens e à busca por melhores condições financeiras, que não se chega nunca a atingir uma condição ideal, pois muitas pessoas que possuem diversos recursos materiais nunca parecem satisfeitos, querem sempre mais e, muitas vezes, chegam a utilizar estratégias bastante questionáveis eticamente para satisfazerem suas aspirações.
O estilo de vida a que estamos submetidos nos tem levado a estudar mais, trabalhar mais, esforçar-se sempre mais; de forma que se há algo que parece sempre nos faltar é tempo. Vemos tanta gente tão atarefada que pedir a elas para que dediquem mais tempo à oração pode parecer-lhes um anacronismo ou até mesmo uma proposta escandalosa.
O estilo de vida atual parece não combinar com espiritualidade e oração. Quando podemos dispor de algum tempo, que não seja para as coisas urgentes ou próprias da relação de produção e consumo, parece que necessitamos gastá-lo nos anestesiando com programas de TV que não sejam muito sérios, pois de séria já basta a vida cotidiana, ou então com banalidades na Internet, conversas sem muita profundidade, entre tantos outros. É por isso que a indústria da “cultura inútil” prospera.
Se juntarmos esses fatores a outros, como o da violência das ruas que nos impede muitas vezes de participar de uma comunidade, ao do cansaço e doenças causadas pelo estilo de vida estressante, e a tantos outros elementos próprios da vida atual que nos afastam da oração comunitária e pessoal, percebemos que a cada dia podemos ficar ainda mais longe de desenvolvermos uma vida espiritual mais rica e profunda.
Todos esses fatores, como também outros que não aparecem aqui, podem nos levar aresistir aos dons de Deus em nossas vidas. Às vezes, vemos como que a existência de dois mundos paralelos: um da vida cristã e outro da vida no mundo. Nem todos respiram esses ares tão antepostos, mas muitos de nós trabalham em lugares onde praticamente nem se pode falar em Deus; muitos convivem com pessoas que externam verdadeira aversão às coisas religiosas; nos ambientes de universidades e faculdades, muitas vezes, se percebe uma espécie de ressentimento e repulsa à religião. Além disso, muitos de nós tem em suas próprias casas a experiência da rejeição a Deus e à Igreja.
Evidentemente, temos que abrir passagens entre esses mundos paralelos nos lembrando de que todos os espaços são nossos campos de missão. Mas, sem dúvida, essas coisas também nos abalam. Respiramos tanta rejeição a Deus e à Igreja que isso também pode nos afastar de uma vida mais voltada à espiritualidade. Por isso que muitos não conseguem desenvolver os carismas, pois quando chegam aos Grupos de Oração ou aos eventos da RCC se sentem “tão secos” por dentro que parecem chegar de um deserto. Vieram de lugares tão áridos da espiritualidade cristã que não querem outra coisa senão beber da água do Espírito, ou podem até estar em condições ainda pior, de forma que essa “água” lhes pareça agora de sabor estranho.
Não há novidades para se propor no alcance da vitória sobre essas resistências, pois já sabemos sobre muitas coisas que devemos fazer: ler a Bíblia, orar constantemente, confessar, comungar, viver em comunidade etc. Todos esses meios são como que vitaminas a nos fortalecer para que ultrapassemos as resistências à ação do Espírito Santo.”

O livro “Não extingais o Espírito” está disponível na Editora RCCBRASIL.

domingo, 20 de outubro de 2013

NOVE SEMANAS DE CURA E LIBERTAÇÃO PELAS FAMÍLIAS!!!

 
 
 
Atenção povo amado de Deus!!!

 Tá chegando, é quarta-feira, inicio das 9 SEMANAS DE CURA E LIBERTAÇÃO.
TRAGA SUA FAMÍLIA, AMIGOS, ENFERMOS.
Vamos juntos clamar o poder de Deus!!!!
 
 
 
 
 
 
Paroquia Nossa Senhora de Fatima - Vitória da Conquista - Ba.

sábado, 19 de outubro de 2013

Desejo que Prospere!

"Caríssimo, desejo que prosperes em todos os teus empreendimentos, que estejas bem e igualmente que tua alma prospere". (3Jo 2)
Iremos refletir sobre a prosperidade cristã, sem, contudo, entrar na questão da teologia da prosperidade, tema muito tratado em nossos dias, especialmente referindo-se a algumas denominações cristãs.
Deus quer o nosso bem, tudo faz por amor, porque é Amor (cf. 1Jo 4, 8.16), daí são João iniciar a sua terceira carta desejando que Gaio prospere em tudo o que faz, em tudo, não apenas em algumas coisas, mas em tudo.
Sabemos que a Palavra de Deus é viva e eficaz (cf. Hb 4, 12), portanto João não manifesta este desejo apenas para Gaio e sim para todos nós e como a Palavra é de Deus, é o próprio Deus quem deseja que nós prosperemos em todos os nossos empreendimentos. O antônimo de prosperidade é decadência e creio que não passe pela cabeça de ninguém que Deus deseje a nossa decadência.
Quando falamos em prosperar logo pensamos em enriquecer financeiramente, mas prosperar é muito mais que isso, é também ser feliz, desenvolver, promover e entre tantos outros significados destaco aqui crescer.
Ponho crescer em destaque, pois é essa a medida da prosperidade cristã, crescer em estatura, graça e sabedoria, diante de Deus e dos homens a exemplo do próprio Jesus (cf. Lc 2, 52).
Deus deseja que prosperemos, que cresçamos em estatura, graça e sabedoria, diante Dele e de todos e devemos lutar para que isso seja uma realidade em nossas vidas, pois é desejo de Deus.
Entre vários caminhos para sequenciar esta reflexão quero caminhar na questão do crescimento do povo de Deus no que diz respeito ao conhecimento das coisas sagradas.
Infelizmente grande parte daqueles que se consideram praticantes da religião sabem muito pouco a respeito da sua fé e o pior é que pouco ou quase nada deles buscam crescer neste aspecto e isso acaba refletindo, inclusive, na vida cotidiana, até mesmo na vida profissional dessas pessoas.
A Igreja e os movimentos que atuam dentro dela oferecem várias oportunidades para o crescimento na fé. A RCC, um desses movimentos, oferece inúmeras oportunidades de crescimento na fé, encontros regionais, estaduais e nacionais, formações presenciais e a distância, material impresso como livros e revistas, etc.
Atuo na RCC desde o início dos anos 80 e entre os milhões que frequentam nossos grupos de oração, poucos, muito poucos, buscam crescer na fé além da reunião semanal de oração, a maioria se satisfaz com ela. Essa é uma realidade também entre os servos e isso é mais preocupante ainda.
Agindo assim, temos impedido a ação de Deus em nossas vidas, não por sermos mais poderosos que Ele, mas pela liberdade que Ele nos deu de não agir conforme Ele espera.
"Caríssimo, desejo que prosperes em todos os teus empreendimentos, que estejas bem e igualmente que tua alma prospere". (3Jo 2) Pense mais nisso quando lhe convidarem para um encontro, uma formação ou quando lhe apresentarem um livro.
Precisamos prosperar, crescer em estatura, graça e sabedoria diante de Deus e dos homens, é desejo de Deus. Saiamos do patamar em que nos encontramos e não tenhamos medo de irmos para águas mais profundas.
Termino recordando uma das canções que cantávamos com frequência na década de 80:
"Crescei, crescei na graça e no conhecimento do Senhor!
Crescei, crescei na fé e no amor!
Crescei, crescei formando a Igreja Santa!
Crescei, crescei em unidade com Cristo, Senhor!
Segure a mão do teu irmão e juntos vamos construir a Igreja o Reino do Amor, crescendo na graça do Senhor!"


Sergio Henrique Speri
Grupo de Oração O Cristo Ressuscitado
Arquidiocese de Ribeirão Preto/SP

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

IEAD: RCCBRASIL E CONCCLAT consolidam parceria em prol da formação e da evangelização na América Latina

Um dos frutos da reunião do Conselho Carismático Católico Latino-Americano (CONCCLAT) que aconteceu de 2 a 6 de outubro, em Miami, EUA, foi a consolidação da parceria com a RCCBRASIL para fortalecer a formação por meio dos cursos oferecidos pelo Instituto de Educação a Distância da Renovação Carismática Católica do Brasil (IEAD RCCBRASIL). Esses cursos são destinados a lideranças carismáticas e à evangelização de batizados e não batizados.
 
As sementes para essa parceria foram lançadas há um ano. Desde então, o projeto foi amadurecendo e o IEAD RCCBRASIL trabalhou na recriação do layout e ferramentas do site do Instituto, na tradução de seus conteúdos e está trabalhando na implementação da Plataforma que abrigará o ambiente virtual de aprendizagem na versão latino-americana. Também foram realizadas as gravações para o primeiro curso em Espanhol, que será ofertado para as lideranças jovens de língua castelhana.
 
Durante a Reunião do CONCCLAT, a Presidente do Conselho da RCCBRASIL, Katia Roldi Zavaris, fez a apresentação dos objetivos do projeto, suas etapas, responsabilidades dos parceiros e processo de trabalho de produção dos cursos, sua oferta e monitoria.
 
Por unanimidade, o Conselho Latino-Americano aprovou o projeto e criou uma comissão que o representará e trabalhará mais de perto com a equipe do IEAD na escolha dos temas, processo de produção, lançamento e acompanhamento dos cursos, entre outras atividades. Também contribuíram esclarecendo dúvidas, Marcos Volcan (vice-presidente do CONCCLAT, professor voluntário e coordenador do IEAD RCCBRASIL) e Reinaldo Bezerra dos Reis (professor voluntário do IEAD RCCBRASIL no curso História da RCC e membro convidado do CONCCLAT).
 
A previsão é que turmas pilotos sejam iniciadas em janeiro próximo e que representantes da comissão criada pelo CONCCLAT estejam também presentes no Encontro Nacional de Formação (ENF), que acontecerá em Aparecida/SP, para estreitar laços de fraternidade e unidade, além de trabalhos específicos no planejamento e organização das próximas etapas e cursos.
 
“(...) numa cultura desprovida de fundamentos, a vida cristã exige a instrução e a catequese permanentes e este é, talvez, o campo em que a Internet pode oferecer uma ajuda excelente.” (Papa João Paulo II, 36ª Jornada Mundial de Comunicação).
 
É com esta responsabilidade, de apropriar-se das oportunidades que a Web 2.0 oferece para a evangelização e formação, que o IEAD e o CONCCLAT assumem o compromisso de trabalhar juntos pelo bem de seus membros e do povo de Deus, produzindo e oferecendo cursos de qualidade que permitam aos alunos responder a todos quais as razões de sua esperança (cf. IPe 3,15).

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Olhar para Maria sedentos dos sinais de Deus

Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, Nossa Senhora de Nazaré, aqui estamos, mais uma vez, para conversar contigo e de ti aprendermos a viver com Jesus, de Jesus e para Jesus. Conduze-nos a Ele, para que recebamos seu amor e sua graça.
Muitas imagens e pinturas foram feitas para retratar-te, ó Maria. Quantos títulos foram cunhados pelos poetas e pelo povo, porque Deus te deu a graça de manifestar-te, modelo e intercessora, em muitas partes desta terra de nosso Deus. Aqui no mundo do Círio, és chamada de Nossa Senhora de Nazaré! Deixa-nos entrar um pouco no mistério que revelas em tua imagem. Deixa-nos levá-la por nossas ruas, porque sabemos que entraste, Viva, Senhora, Irmã e Mãe, em nossos corações. Permite-nos estender as mãos e olhar para ti, como gente sedenta dos sinais que nos conduzem a Deus!
Ao olhar para tua imagem de Nazaré, nós te contemplamos Mãe, simples e amiga. Teu rosto mostra seriedade e serenidade, delicadeza e firmeza. Por isso olhamos para ti, pois nos mostras o que sonhamos e o que desejamos testemunhar. Sim, ó Virgem de Nazaré, tu és bendita entre as mulheres, a honra de nosso povo, e em ti se encontra o que queremos ser! Obrigado por nos atraíres a ti, à tua glória, tua berlinda e tua presença amorosa.
E vemos que tu tens nos braços o Menino Jesus, em cujas mãos está o mundo. Uma criança, com o mundo nas mãos! Parece tão pequena e tão grande esta criança, capaz de carregar o peso de tudo o que o mundo é! Tu tiveste com o Menino Jesus tamanha intimidade, que participaste de seus sentimentos e o acompanhaste, quando crescia em idade, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens. Com ele caminhaste pelas estradas do mundo, tu o levaste pelos caminhos do Egito, com ele voltaste a Nazaré, dali a Jerusalém, Caná, Galileia das Nações, ruas e Cenáculo, sempre estiveste com Ele e para Ele viveste, Mãe e Discípula. Dá-nos entrar contigo no mistério do mundo! Ajuda-nos a anunciar a todos a salvação que Ele nos trouxe.
Tudo foi feito por Deus em Jesus Cristo e sem Ele nada se fez. Deus fez todas as coisas para um destino de felicidade, tanto que olhou para a sua obra e ficou muito feliz. Olhamos contigo para o bem que existe na Obra realizada por Deus. Desejamos descobrir sempre as entranhas de bondade presentes em toda a sua Obra. Contigo queremos passear pelo mundo, sonhando com o Jardim que Deus criou!
Ao completar sua obra, o Pai do Céu criou o homem e a mulher. Que graça imensa saber que estas criaturas foram feitas à imagem e semelhança de Deus, preparadas para responder com amor ao amor infinito! O mundo é cheio de gente, mais ainda, de filhos e filhas de Deus. Ajuda-nos, Maria Mãe, esposa, irmã, senhora, a olhar para todas as pessoas com grande amor. Tira de nosso coração os preconceitos, aproxima-nos das pessoas, especialmente as mais difíceis. Tu que és Mãe de Misericórdia, alcança-nos a graça, que vem de teu Filho amado, de ir ao encontro dos pecadores e das pessoas mais frágeis, para amá-las como Jesus amou. E se tens livre um dos teus braços, agasalha-nos aí, no afago de teu coração e perto de Jesus.
A vida no mundo é uma verdadeira batalha! Tu sabes bem, Maria de Nazaré, o que significa trabalhar, cuidar de um filho, viver como esposa, enfrentar as dificuldades. Senhora da Esperança, nós te reconhecemos parte daquele resto escolhido, os pobres de Javé, que nunca perderam a esperança. Aqui está, na conversa contigo, a porção do mundo que mais sofre e também as pessoas que perderam o sentido de sua vida. Deixa-nos entrar em tua casa, levando pelas mãos estas pessoas. Tu que estiveste de pé aos pés da Cruz, dá um jeito para que entrem pela porta da graça e da salvação, Consoladora dos Aflitos, cuida de todos os que sofrem. Porta do Céu, abre a porta para todos serem acolhidos e amados. Auxílio dos cristãos, pede a Jesus que se fortaleçam os corações cansados e fatigados, que se elevem as mãos vacilantes e a confiança seja restaurada.
Mas o mundo é também para ser vencido, pois nele existe o mistério da iniquidade, a triste realidade do pecado e suas consequências. Não tememos, porque sabemos que teu Filho Jesus já o venceu. Entretanto, precisamos ser corajosos e radicais, não nos acomodando com o mal existente, corajosos para mostrá-lo e buscar soluções. Nós te pedimos, Virgem de Nazaré, sejamos firmes e decididos. Que nunca façamos pactos com a maldade e o egoísmo. Dá-nos os valores do Céu para espalharmos na terra. Como estamos no mundo, mas não desejamos ser do mundo, nós te dizemos confiantes:
A ti recorremos, Maria de Nazaré! Rainha da Paz, vem em auxílio dos povos que estão em guerra e entra, com teu amor materno, nas disputas entre povos e pessoas, para que cheguem à reconciliação! Mãe do belo amor, aproxima os inimigos! Saúde dos enfermos, visita os nossos doentes.  Refúgio dos pecadores e Mãe de Misericórdia, estende teus braços aos pecadores, roga por nós, agora e na hora de nossa morte. Sede da Sabedoria, ajuda-nos a entender o sentido da vida e vem ajudar as pessoas que devem tomar decisões em nosso mundo.Espelho de Justiça, corrige os que erram na vida, dá discernimento aos que devem se recuperar de seus erros e pede a Jesus, teu Filho amado, que a justiça reine na terra. Causa de nossa alegria, ajuda-nos a manter o coração alegre e o rosto feliz, pela vida da graça em nossos corações.
Maria, Arca da Aliança, que trouxeste em teu ventre o guarda e pastor de Israel, aquele que tem palavras de vida eterna e é o Pão da Vida, faze de todos nós este povo unido, sinal da vida verdadeira, que vem do Pai amado, em Cristo, a quem seja dada a honra e a glória, no Espírito Santo. Amém.


alt
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará
Assessor Eclesiástico da RCCBRASIL

sábado, 5 de outubro de 2013

Grupo de Oração cheio do Espírito Santo

Grupos de Oração transbordantes do Espírito! Grupos transbordantes de Amor. Grupos transbordantes dos Carismas. Nossos Grupos são chamados a ser assim! Alguns elementos são essenciais para que vivamos dessa forma, e assim, cumpramos a Missão confiada à RCC pelo Senhor, de levar todos à experiência do Batismo no Espírito Santo.

altUm Grupo de Oração cheio do Espirito Santo é aquele em que se vive a experiência de Pentecostes em cada reunião. Somos apóstolos do Espírito Santo e embaixadores da Cultura de Pentecostes. O Grupo de Oração cheio do Espírito é aquele que realiza o que é chamado a ser: um lugar de encontro, festa, oração, partilha, meditação da Palavra e relacionamento com os irmãos.
O Espírito Santo nos chama e congrega no Grupo de Oração. Reunimo-nos em Nome do Senhor Jesus, e, juntos como irmãos, louvamos a Deus Pai que nos criou e nos enviou Jesus para nos salvar e redimir de todos os nossos pecados.
O Grupo de Oração é a célula fundamental da RCC e sua expressão máxima, sendo composto por três momentos: o Núcleo de Serviço, a Reunião de Oração e o Momento de Perseverança.
O Núcleo de Serviço cheio do Espírito é composto por todos os que coordenam o Grupo de Oração, que devem viver a vida no Espírito em todo a sua essência. Pessoas de oração, testemunho de vida, intercessão pelos irmãos, relacionamento fraterno, que vivem o perdão e a reconciliação. Pessoas que renunciam à vida mundana para seguir Jesus, que têm vida sacramental e que amam a RCC, querendo a cada dia conhecê-la mais e nela crescer. Esse Núcleo assume o chamado de Deus de levar todos que o Senhor atrair ao encontro com Jesus Vivo e Ressuscitado, encontro este que acontece por excelência na Reunião de Oração semanal.
Todos do Núcleo são corresponsáveis pela dinâmica da Reunião de Oração. Ninguém pode ficar de fora. A Reunião será tão frutuosa quanto for a organização do Núcleo. O Núcleo de Serviço do Grupo cheio do Espírito é aquele que se prepara na oração comunitária semanal (e cada participante, em sua oração pessoal), no exercício dos carismas, buscando conhecer a vontade de Deus, se preparando para realizar a vontade Dele, meditando a Palavra para pregá-la, estudando a Palavra para se manter na graça, cuidando da vida interior com jejuns, abstinências, oferecimento em Eucaristias, para ter o que oferecer aos  participantes. Um Núcleo que cultiva momentos de intercessão pela realidade das pessoas, oração do Rosário pelo crescimento dos participantes, que ora com ousadia para que se realizem curas e milagres durante as orações no Grupo.  Enfim, um Núcleo comprometido com a vida, com o  crescimento e, principalmente, com a salvação dos participantes.
O Núcleo e os servos do Grupo de Oração cheios do Espírito planejam, organizam e executam o Pastoreio de cada participante, procurando não perder nenhuma das ovelhas, se dispondo a escutá-las, fazendo o atendimento  das necessitadas,  aconselhando as que pedirem e orando pela cura das enfermas. Elas devem crescer e se fortalecer para responder com fé aos diversos desafios do mundo.
A Reunião de Oração
A Reunião de Oração é o momento  oportuno para o recebimento da Efusão do Espírito Santo. Todos os passos da Reunião de Oração devem ser em direção ao derramamento do Espírito. Ninguém deve sair do Grupo de Oração sem ter recebido essa Graça. Um Grupo cheio do Espírito tem sua Reunião cheia de Louvor - oração que nos leva a uma profunda intimidade e exercício de fé em nosso Deus que é Uno e Trino. Devemos sempre louvá-LO por aquilo que Ele é, por aquilo que Ele nos fez,  fará e   está realizando em nós. O louvor é a oração por excelência da RCC.
As diversas orações realizadas na Reunião de Oração, como as de louvor, de petição, de perdão dos pecados, de agradecimento - guiadas pela Palavra - enfim, todas as orações devem levar à oração de pedido do Derramamento do Espírito Santo. Isso é fundamental em cada Reunião de Oração! Tudo deve convergir para esse operar poderoso do Espírito. O Núcleo se prepara e planeja a Reunião para que nela essa Graça se manifeste. Todos os ministérios devem trabalhar com esse objetivo.
O Batismo no Espírito Santo é necessário, fundamental, indispensável e característico do Grupo cheio do Espírito. Sem Batismo no Espírito poderíamos dizer que esse Grupo não é de identidade carismática e, ainda: que esse Grupo não é cheio do Espírito. Os carismas são consequências do Batismo no Espírito Santo, que atualiza as graças das primeiras comunidades cristãs, descritas nos Atos dos Apóstolos, com toda ousadia e parresia que lhes eram peculiares. Por isso, podemos dizer que o Grupo de Oração é uma referência às reuniões das primeiras comunidades cristãs  e deve atualizar os frutos de Pentecostes a cada semana. A RCC assumiu esse chamado de viver na abundância da Graça, nesse derramamento perene do Espírito.
Os participantes do Grupo experimentam das graças provenientes do Batismo no Espírito em cada reunião. Entre essas graças frequentes estão os carismas de Línguas, Profecia, Interpretação das Línguas, os carismas de Palavra de Ciência e de Sabedoria nas orações por cura e libertação e o permanente exercício do carisma da Fé.
Os dons e os carismas devem ser despertados e exercitados, principalmente gerando o amor entre os irmãos. O derramamento do Espírito gera carismas e o Grupo cheio do Espírito é aquele que assume com coragem esse despertar. Poderíamos chamar de Grupos “quentes” aqueles que se comprometem com o Chamado de Deus e exteriorizam essas manifestações do Amor de Deus, apoiados no sentido de que esses carismas são para a comunidade do Grupo de Oração. Não são ostentações e, sim, serviços para ajudar os participantes em suas carências e necessidades. É a manifestação do Espírito que dá o diferencial quanto à qualidade do Grupo de Oração.
Além dos dons carismáticos, chamamos atenção para os dons infusos e as virtudes. Todos são manifestações do Espírito e devem ser, do mesmo jeito, exercitados.
Esse momento da Reunião de Oração é também momento da evangelização querigmática,  evangelização fundamental que leva a adesão do participante à Vida em Cristo. O Querigma se dá através da música,  da dinâmica das orações e, principalmente, através da pregação da Palavra. As pessoas são chamadas a fazerem a sua opção por Jesus e a se converterem, vivendo com Ele, como Senhor de suas vidas.
 E a Efusão do Espírito prometida e realizada pelo Senhor Jesus leva os participantes a despertarem e viver os seus frutos, tais como o zelo apostólico, vida de oração comunitária e pessoal, vida sacramental, amor à Palavra de Deus, mudança radical de vida, testemunho de vida no Espírito, conversão, vida comunitária e eclesial, exercício dos carismas e ao compromisso  com a evangelização. Esses frutos são importantes na missão que o Grupo de Oração tem. Enquanto expressão de Movimento na Igreja, o Grupo de oração realiza sua ação evangelizadora através do Querigma (Pregação), da Catequese (Formação), da Diakonia (atendimento feito pelos ministérios), da Koinonia (comunhão entre os participantes) e também através da Martyria (testemunho de vida e também missionário da liderança).
Para manter essa graça da conversão, da vida com Cristo, da vida no Espírito Santo, o Grupo de Oração deve ter o seu momento de Perseverança, no qual  o participante recebe o alimento mais consistente da Palavra,  que o leva a crescer  através do Ensino e  do Pastoreio. Só permaneceremos com Cristo se o conhecermos bem e isso se dá pelo Ensino. Esse terceiro momento é fundamental para garantirmos que os membros do Grupo permaneçam cheios do Espírito e, dessa forma, perseverem. Esse é o momento ideal para  o discernimento de quais carismas estão sendo despertados na vida dos irmãos; quais estão sendo exercitados e para qual ministério eles estão sendo chamados. O Ensino é constitutivo do Batismo no Espírito Santo. Fortalece a fé e garante a vida no Espírito.
A dinâmica do Grupo de Oração é de encontro e experiência.  Não devemos sair dele como entramos.  O Espírito age em nós como agia em Jesus, nos transformando em novas criaturas, fazendo de nós pessoas mais livres, alegres, confiantes, sadias, esperançosas, com um novo ânimo para viver. A constância do Derramamento do Espírito cria nos participantes o senso de pertença, amizade, fraternidade... Faz crescer o amor e o perdão, e passamos a viver em comunhão como uma grande família. O Grupo de Oração cheio do Espírito gera nos participantes a vontade de permanecer, partilhar, dar testemunho das graças que o Senhor está realizando. Desperta a vontade de quem participa de voltar na próxima semana seguinte para rever os irmãos.
O Grupo de Oração é assim quando o propósito de ser “cheio do Espírito” é assumido pelo seu Núcleo em toda a sua essência, ou seja, quando sua coordenação assume o compromisso com Jesus de conduzir os participantes às “águas mais profundas”. Essa coordenação que ora, intercede, ama, pastoreia, planeja o crescimento daqueles que o Senhor atraiu para o Grupo, que se deixa conduzir totalmente pelo Espírito, se transforma em liderança que evangeliza e forma os participantes e, assim, transforma o Grupo e a vida dos participantes em vidas cheias do Espírito Santo. Assim seja!
Por Luiz Virgilio Nespoli
Membro da Comissão de Formação, Arquidiocese do Espírito Santo

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Unidade, uma das propriedades essenciais da Igreja

O Instituto de Educação a Distância, IEAD RCCBRASIL, oferece aos carismáticos a oportunidade de se aprofundarem na História da Igreja.  O curso tem o objetivo de estudar os modelos eclesiológicos e missionários, como a Igreja se autocompreendeu e se organizou ao longo dos séculos.
Neste artigo de Pe João Paulo Veloso, professor do História da Igreja, o IEAD disponibilizou, do material estudado no curso, parte do capítulo. O assunto abordado trata sobre uma das características próprias da Igreja de Jesus Cristo, a unidade. Abaixo o artigo:

Propriedades essenciais da Igreja: a unidade, a catolicidade, a santidade e a apostolicidade
altO catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 811, introduz-nos nessa temática, dizendo assim:
“Esta é a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa, católica e apostólica. Estes quatro atributos, inseparavelmente ligados entre si indicam traços essenciais da Igreja e da sua missão. A Igreja não os confere a si mesma; é Cristo que, pelo Espírito Santo, concede à sua Igreja que seja una, santa, católica e apostólica, e é ainda Ele que a chama a realizar cada uma destas qualidades.”
A Igreja é Una
A primeira propriedade da Igreja é ser una. O que nós vemos na Bíblia a respeito da unidade da Igreja é que Jesus revelou o mistério dessa unidade em algumas parábolas¹, como por exemplo a da videira (João 15,1-17);  do Reino (Mateus 12, 25-28); do Bom Pastor (João 10,1-18). Todas elas demonstram que Jesus quer que sua Igreja seja una, assim como Ele e o Pai são um. Jesus também orou pela unidade da Igreja na véspera da sua Paixão, como podemos ler no capítulo 17 do Evangelho de São João.
A Igreja de Cristo nasce unida, pois tudo o que os primeiros cristãos faziam era em comum, como lemos em Atos dos Apóstolos 2,42:
“Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações".
  • A Igreja é una por sua fonte
As três Pessoas Divinas, Pai, Filho e Espírito Santo, são um único Deus. A unidade da Igreja é derivada desse mistério da unidade divina, ou seja, tem em Deus a sua fonte de unidade.
  • A Igreja é una por seu fundador
A Igreja também é una por seu fundador: Jesus quis que ela fosse una, como acabamos de demonstrar pelas passagens bíblicas acima.
  • A Igreja é una por sua alma
O Espírito Santo é a alma da Igreja, é Ele quem realiza essa unidade.  Portanto, a própria essência da Igreja é ser una.
Vejamos o que diz um dos grandes Padres da Igreja², São Clemente de Alexandria:
"Que estupendo mistério! Há um único Pai do universo, um único Logos³ do universo e também um único Espírito Santo, idêntico em todo lugar; há também uma única virgem que se tornou mãe, e me agrada chamá-la Igreja" (CEC4 nº 813).
  • Unidade x Uniformidade
Devemos ter em mente que unidade não significa uniformidade. A Igreja é una, mas ela também é diversa em suas expressões, em seus carismas5, em seus ministérios6. A Igreja alcança o mundo inteiro, cada diocese é diferente uma da outra, mas todas elas, unidas em torno do seu Bispo e em comunhão com o Papa, expressam a unidade da Igreja.
  • Os vínculos da unidade da Igreja
altO Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 815, vai nos mostrar três vínculos de unidade:
- A profissão da única fé recebida dos apóstolos. Como sabemos que professamos a mesma fé? Pelo Símbolo dos Apóstolos7 e pelo Símbolo Niceno-Constantinopolitano8, rezados a cada missa dominical no mundo inteiro.
- A celebração comum do culto divino, sobretudo dos Sacramentos. Os sete sacramentos da Igreja são os mesmos sacramentos celebrados em cada diocese do mundo.
- A sucessão apostólica. Há uma sucessão ininterrupta, desde os Apóstolos até os Bispos de hoje, pela imposição das mãos e a oração consecratória9.  Essa sucessão tem garantido a unidade da Igreja até hoje.
  • As feridas na unidade
Sabemos que a unidade desejada e querida por Cristo foi por muitas vezes ferida. Há muitas separações e divisões visíveis na Igreja de nosso Senhor. É por isso que temos que caminhar rumo à unidade. O catecismo também nos apresenta elementos para caminharmos para essa unidade plena, como a oração comum, as obras de caridade em comum, o diálogo, o amor fraterno. São esses os caminhos que a Igreja nos propõe para que realmente todos os cristãos sejam o único rebanho sob um único Pastor.

Notas:

1 – Parábolas: gênero literário presente na Bíblia e muito utilizado por Jesus, Trata-se de uma história fictícia tirada do cotidiano, contendo uma lição moral ou religiosa.
2 – Padres da Igreja: esta expressão indica os grandes bispos dos primeiros oito séculos da história da Igreja. Eles explicaram e fundamentaram a fé católica através do estudo, das catequeses, dos sermões e do diálogo com a Filosofia.
3 – Logos: termo grego que significa "palavra" e indica a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, ou seja, o Filho. Assim, o Filho é a "palavra do Pai".
4 – CEC: abreviação de Catecismo da Igreja Católica. (Catechismus Ecclesiae Catholicae).
5 – Carismas: dons extraordinários concedidos pelo Espírito Santo para a edificação da comunidade.
6 – Diocese: determinada porção territorial do povo de Deus, liderada por um bispo. Cada diocese é a Igreja Católica, mas cada uma com sua particularidade.
7 – Símbolo dos Apóstolos: é a profissão da nossa fé, também conhecido como a oração do "Creio em Deus Pai...".
8 – Símbolo Niceno-Constantinopolitano: é a versão completa do Símbolo dos Apóstolos. Teve sua redação final no ano 381, no Concílio de Constantinopla.
9 - Oração Consecratória: também chamada de oração de consagração. É realizada pelo bispo nas ordenações.

Para mais informações sobre o curso História da Igreja, acesse a página do IEAD.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Santa Teresinha e os tempos da pós-modernidade.

Sem dúvida, Santa Teresinha está entre os santos que mais despertam a devoção na Igreja hoje em dia. Mas os santos não são tanto para serem admirados e vistos como milagreiros; mais que isso, eles foram elevados aos altares para serem imitados. Nesse mundo secularizado – onde o sagrado tem pouco valor diante das realidades de uma época marcada pela correria de quem não tem tempo a perder e pela superficialidade do homem tecnológico, um mundo que modela no homem uma personalidade sentimentalista, individualista, hedonista e com tanto outros “ismos” –, Santa Teresinha, de dentro de sua clausura do final do século XIX, tem alguma coisa a nos dizer hoje?

A espiritualidade de Teresinha é um caminho cotidiano de salvação. Ela propõe que todos os gestos, por mais simples que sejam, se forem feitos com amor, têm valor redentor: “Apanhar um alfinete por amor pode converter uma alma. Que grande mistério!”. Só Jesus pode dar um valor tão grande às nossas ações. Por isso, sua proposta é perfeita para nós hoje: a santidade não se resume a gestos de piedade e longos tempos dedicados ao sagrado, mas pode ser encontrada na correria da vida do mundo. Perfeito! Sim, na correria do dia a dia, se cada coisa for feita com amor, tem valor de eternidade, porque traz a presença de Deus para aquela situação. Aliás, é um remédio para o mal da pós-modernidade: a depressão, porque, se cada coisa da vida ganha significado pelo amor, nada será mera repetição maçante de atos, mas tudo será sempre novidade; porque o amor traz o brilho do novo para as coisas da vida.

Individualismo, solidão e competitividade são tendências que atraem o homem de hoje. Estamos ligados no mundo, mas sempre isolados numa telinha de celular ou telona de TV. E quando saímos daí, é para competir em lucro, poder, beleza física; enfim, todos querem o sucesso. Nisso Teresinha era muito diferente de nós, não porque não tinha a telinha ou a telona, e sim porque vivia de amor e o amor é sempre atual. Amante do último lugar, o único pódio pelo qual competia, e vivendo sob a leveza do escondimento, Teresinha em tudo queria fazer o bem: “Só o amor me atrai”. Nem o sucesso da santidade ela queria: “Não se deve trabalhar para tornar-se santa, mas para dar prazer ao Senhor”. Sua meta era realmente partilhar o bem, e por isso surpreendeu até os santos, que querem o céu como seu troféu, ao dizer que queria passar o céu fazendo o bem na terra. Alegria das irmãs durante os recreios, ela sabia ser agradável, viver em comunidade e partilhar de tal maneira que podemos aplicar a ela a frase do místico alemão Johann Tauler (séc. XIV): “Se eu amar o bem que está no meu próximo, mais do que ele mesmo o ama, esse bem me pertence mais do que a ele”.

Mas Teresinha não seria hoje uma mestra somente através de seus bons exemplos. Por meio de sua doutrina da pequena via, ela daria duros remédios a nós, que gostamos de conforto e guloseimas. Ela diz que “um dia sem sofrimento é um dia perdido”. Sem dúvida, Santa Teresinha tem muito a nos ensinar no caminho necessário da ascese e penitência. Ela não nos convida a fazer coisas exorbitantes, tão distantes do nosso padrão de bem estar, mas coisas simples, como ela mesma fazia: durante as refeições, não recostar-se ao encosto confortável da cadeira. Coisas realmente tão simples quanto possíveis.

Mas talvez a lição mais dura que ela tem a nos dar é sua convicção de que o amor não é sentimento ou emoção, mas decisão da vontade. Verdade difícil num mundo em que os relacionamentos são tão superficiais e a capacidade de se comprometer tão volátil, que casamento se faz por união afetiva e religião se escolhe pela medida de boas sensações e retribuições divinas.

Teresinha é um daqueles santos que ultrapassa o seu tempo, porque sua vida e ensinamentos comunicam valores perenes. Especialmente ela, que soube reconhecer os sinais dos tempos e, com consistência e profundidade, tem uma profecia atual, merece realmente o título de “a maior santa dos tempos modernos”, como a chamou São Pio X (1835-1914).





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André L. Botelho de Andrade
www.twitter.com/compantokrator

Casado, pai de dois filhos. Teólogo,
Fundador e Moderador Geral da
Comunidade Católica Pantokrator,
 onde vive em comunidade de vida
e dedica-se integralmente à sua
obra de evangelização.
 

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

"A começar em mim quebra coração..."


"A começar em mim quebra coração..."



Sim essa é a mais verdadeira verdade, eu é que preciso mudar, precisa começar em mim, da minha história, dos meus atos, em mim, primeiramente em mim. É eu que primeiramente preciso mudar.
“Se hoje reclamo, o que foi então o que eu fiz para que tudo fosse diferente?”
Essa é uma frase de uma música que gosto muito, música de Valmir Alencar, “Primeiros Passos”. É a mais pura verdade! Estamos sempre reclamando dos problemas, das dificuldades. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer!” É isso amigos, não adianta ficar só reclamando, falando. É preciso ter atitude, tomar atitude, sair da inércia, do comodismo, arregaçar as mangas e partir para a luta. A vida é feita de constantes dificuldades, não tem como evitar, entretanto podemos e devemos em nós mudar a maneira de olhar, encarar os problemas e de cabeça erguida, mesmo em meio à dor, a lágrimas, seguir adiante. Poder nesse momento fazer a diferença, ser diferente, lutar com a emoção que nos aprisiona e sim deixar que a razão nos traga novas possibilidades de recomeçar. Parar de olhar os outros, questionar os outros, ver o erro dos outros e com maturidade olhar para mim, e a partir de mim, vendo minha inadequação e começar a querer mudar e mudar para melhor.
Cada vez mais isso grita em meu coração, cada dia eu desejo isso para minha vida, a cada dia eu sonho com isso. E vejo ai o segredo de dias melhores, de felicidade.
Quero poder sonhar com isso, e poder ter certeza que a começar de mim, vou dá passos. Desejo que você, a partir da sua vida, da sua história comece também a perceber que o primeiro a mudar é você, e só depois o outro, o seu outro, seu pai, sua mãe, seus irmãos, seus amigos, seu esposo, sua esposa, seu namorado (a),... Não tenha medo de começar, não se envergonhe por saber que você precisa mudar. Não temas! Saiba eu estou contigo, eu também estou nessa e como sei que preciso mudar, preciso ser melhor, ser mais humilde, mais tolerante, mais amigo, mais filho, mais irmão. Estamos juntos e juntos vamos, no nosso dia a dia, no ordinário cotidiano, a cada passo lutar para sermos melhores. Se Cairmos? Não importa! Com a alegria no coração iremos levantar e recomeçar.
“Errar é humano, levantar do erro é divino!
Abraços fraternos a todos!



Anselmo Marciano.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Atitudes renovadas à luz do Evangelho

A Palavra de Deus reúne o povo que lhe pertence, convocando-o à comunhão com o próprio Senhor, para ser um sinal de um mundo diferente, possível para todos os homens e mulheres, pela ação da graça. Jesus, Filho de Deus verdadeiro, veio ao mundo e trouxe a "cultura do Céu", oferecendo-a com generosidade. "De rico que era, tornou-se pobre por amor, para que nos enriqueça com sua pobreza" (2 Cor 8,9).Nele e com ele se encontra o chamado e a graça a restaurar todas as coisas. Em Jesus Cristo, Deus "nos fez conhecer o mistério de sua vontade, segundo o desígnio benevolente que formou desde sempre em Cristo, para realizá-lo na plenitude dos tempos: recapitular tudo em Cristo, tudo o que existe no céu e na terra" (Ef 1,9-10). Esta terra não é um restolho a ser desprezado, mas campo de prova e de missão, entregue a todos os filhos amados de Deus. A nós cabe a resposta a este plano de amor!
Não faltam os desafios a serem enfrentados para que os sonhos de Deus e de seus filhos se realizem. Dentre estes, assoma significativo o verdadeiro abismo entre grupos sociais, passando da extrema e escandalosa miséria, até chegar à abundância, ao esbanjamento e ao desperdício, que têm provocado indignação e clamado soluções construtivas. A sensibilidade especial do Evangelho de São Lucas para os pobres e pequenos (Cf. Lc 16, 10-31) mostra Jesus que, através da provocante linguagem das parábolas, quer suscitar novas atitudes, semeando novas relações entre as pessoas.
Lázaro, o pobre de outrora e de sempre, assim como o rico epulão, continuam presentes e incômodos, quando a parábola é contada por Jesus. Mas o Céu, com seu modo de viver baseado na comunhão e na partilha, está bem perto de nós. Antes de pôr o dedo na ferida da desigualdade e da injustiça presentes em nosso tempo, faz bem olhar ao nosso redor e identificar onde se encontram experiências diferentes, nas quais o Céu desce à terra. Perto e dentro de nós, existem gestos de comunhão, gente de coração generoso, sensibilidade diferente à fraternidade. Penso em tantas iniciativas tomadas por pessoas e grupos, como as tantas obras sociais da Igreja ou de outras instâncias da sociedade, nas quais se superam as distâncias e a fraternidade se instala. E quantas são as pessoas tocadas pela força da palavra de Deus e hoje mais fraternas e sensíveis às necessidades dos outros, capazes de acolher os outros e proporcionar-lhes caminhos novos de promoção e autonomia.
Depois, trata-se de alargar a compreensão para verificar as marcas de verdadeiro inferno existentes em torno a nós, onde o egoísmo se espalha e deixa seu rastro destruidor. Uma imagem de tal situação me veio há poucos dias diante dos olhos: um morador de rua recolhendo água suja de uma valeta numa grande cidade, para quase fazer de conta de se lavar no início de um novo dia. Penso em tantos homens e mulheres que veem seus filhos vagando pelas ruas, revestidos de andrajos, com o coração dolorido por não terem roupas adequadas. E os homens e mulheres que recolhem restos de comida, quais lázaros que competem com cães vadios? Brada ao Céu a terra que edificamos! A dignidade humana, inscrita por Deus em todos os seus filhos, grita por novas atitudes. Para acordar a humanidade adormecida dentro de nós, foram dados lei, profetas e, mais ainda, alguém que ressuscitou dos mortos (Cf. Lc 16, 29-31). E não falta o grito da realidade, mas ouvidos sensíveis!
Primeiro passo é saber que o Céu, Pátria definitiva em que desejamos habitar, é casa cuja construção começa na terra. Dar guarida a cada pessoa que clama pelo nosso amor, sem deixar quem quer que seja passar em vão ao nosso lado. Diante do aleijado encontrado pelas ruas, Pedro e João tinham muito mais do que recursos materiais: “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!” (At 3,5). Deram a cura, abriram o coração do homem para Deus. E os textos dos Atos dos Apóstolos mostram que os primeiros cristãos lutaram pela comunhão de bens, um dos sinais da Presença de Cristo Ressuscitado. Palavra, pão, remédio, abraço, consolo, sorriso, mãos que se elevam, cura. Tudo serve e certamente haverá, no tesouro do coração de cada pessoa, algo a oferecer. Começar já, do jeito que é possível para cada um de nós.
Mas muitos podem oferecer outras coisas! Quem tem responsabilidades públicas, à frente de organismos da sociedade, pode aguçar sua sensibilidade e priorizar ações correspondentes aos valores da dignidade humana e proporcionar maior respeito às pessoas, especialmente aos mais necessitados. Há muita cara fechada e muita burocracia a serem superadas nas repartições públicas. Muitas filas podem diminuir, se crescer a boa vontade. Há projetos em vista do bem comum a serem implantados, vencendo interesses corporativos que emperram a vida dos cidadãos. Existe um caminho de conversão adequado para as pessoas que detêm cargos eletivos, quem sabe, inscritos até nos discursos bonitos da campanha eleitoral! Há mãos a serem lavadas na água pura da fonte da vida!
Tudo isso será possível se os valores que norteiam o comportamento tiverem referências diferentes. Escrevendo a Timóteo, companheiro de jornada no anúncio do Evangelho, São Paulo fez notar que "na verdade, a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Por se terem entregue a ele, alguns se desviaram da fé e se afligem com inúmeros sofrimentos. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas, procura antes a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a constância, a mansidão. Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual foste chamado quando fizeste a tua bela profissão de fé diante de muitas testemunhas" (1 Tm 6, 10-16).  A atualidade patente da Escritura provoca novas atitudes. Só com homens e mulheres renovados e transformados com os critérios do Evangelho se pode implantar relações novas na sociedade.
Enfim, vale dizer que se o Céu é o limite, não há que temê-lo. Quando a Escritura e a Igreja falam das realidades definitivas, chamadas "novíssimos do homem", não desejam incutir o pavor, nem converter à força as pessoas. Não fomos feitos para rastejar no pecado e no egoísmo, mas pensados por Deus para a felicidade, construída e partilhada nesta terra e vivida em plenitude na eternidade.
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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará
Assessor Eclesiástico da RCCBRASIL