sábado, 8 de setembro de 2012

Ministério de Pregação


 
 
Num dia desses recebi pela Internet a seguinte história:
“Um dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordou-o na rua:
– Sr Bilac, estou precisando vender meu sítio, que o senhor tão bem conhece. Poderia redigir um anúncio para o jornal? Olavo Bilac apanhou um papel e escreveu: ‘Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeirão. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranqüila das tardes na varanda’. Meses depois, topa o poeta com o homem e pergunta-lhe se havia vendido o sítio”.
– Nem pense mais nisso! – disse o homem. Quando li o anúncio é que percebi a maravilha que eu tinha.”
Essa história me fez lembrar que além de ter uma boa inspiração, para pregar precisamos saber nos comunicar; falamos de comunicar com unção. A forma de falar, a postura do pregador, seu timbre de voz, seus gestos, enfim, tudo que compõe a imagem do pregador influencia no ânimo dos ouvintes. E essa influência vai predispô-los a aceitarem ou a rejeitarem a mensagem transmitida na pregação. É por isso que os pregadores devem ser incansáveis quando se trata de formação; devem ser santamente insaciáveis na busca de novos métodos para pregar. É neste contexto que entra a formação, para colaborar.

Na Bíblia encontramos exemplos de como a forma de se expressar influencia os ouvintes. Certa vez, após Jesus terminar uma pregação “a multidão ficou impressionada com a sua doutrina” (Mt 7,28) e o evangelista segue explicando que “ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os seus escribas” (v. 29).
Vejam que exemplo interessante encontramos em Atos dos Apóstolos, quando no dia de Pentecostes, o Espírito Santo fez os discípulos começarem as pregações em línguas. Observem no texto abaixo o efeito inicial no ânimo de muitos ouvintes:
“Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu. Ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua. Profundamente impressionados, manifestavam a sua admiração: Não são, porventura, galileus todos estes que falam? Como então todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Partos, medos, elamitas; os que habitam a Macedônia, a Judéia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia, a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia próximas a Cirene; peregrinos romanos, judeus ou prosélitos, cretenses e árabes; ouvimo-los publicar em nossas línguas as maravilhas de Deus! Estavam, pois, todos atônitos e, sem saber o que pensar, perguntavam uns aos outros: Que significam estas coisas?” (At 2,4-12).
Ora, como havia milhares de pessoas naquele lugar – era Festa de Pentecostes – se os pregadores não tivessem, impulsionados pelo Espírito Santo, começado a pregar (publicar as maravilhas de Deus) por meio do dom da xenoglassia, certamente poucas pessoas, ou quase ninguém, os teria ouvido. Note bem os questionamentos do povo que o evangelista teve o cuidado de narrar: “todos atônitos e, sem saber o que pensar, perguntavam uns aos outros: Que significam estas coisas?” Todo professor sabe que o questionamento marca o início da boa aprendizagem. Aqui a forma de pregação foi decisiva para atrair os ouvintes e para ganhar a atenção deles.
Outro exemplo, para citar somente mais um. Trata-se de Apolo. Ele é citado no capítulo dezoito do Livro dos Atos dos Apóstolos. Ele era judeu, profundo conhecedor das escrituras. Era também eloqüente e pregava com veemência suficiente para calar os que tentavam contradizer o Evangelho. Pelo testemunho de Lucas sabemos que sua presença em Corinto foi de muito proveito para os cristãos.
É por perceber a necessidade de apresentar o Evangelho da forma mais adequada possível que o Ministério de Pregação não se dá por vencido ante os embaraços que encontramos para ministrar uma boa formação. É por acreditar que podemos formar novos pregadores e aperfeiçoar os veteranos que temos um projeto de formação (Projeto Pedagógico). É também por compreender que trabalhando com afinco conseguiremos dar um passo a mais na caminhada da formação de pregadores, isto é, conseguiremos ir “além dos limites dos nossos desertos de pregadores”, saindo, portanto, do “lugar comum” em se tratando de formação, que implantaremos a partir de 2004 as oficinas de pregação.
Nos encontros de formação temos apresentado aos pregadores uma metodologia que nos ajuda a pregar com unção e com docilidade ao Espírito Santo. Temos também exortado a que todos os pregadores busquem o conhecimento necessário para pregar, participando de todos os encontros ministrados pelos outros ministérios. É que o pregador não necessita somente de pregar com unção e com metodologia correta, ele necessita também de conhecer o assunto que vai expor. Assim ele deve participar de todos os encontros que conseguir, além de complementar sua formação com outras fontes de conhecimento, tais como: livros, fitas de áudio e de vídeo, entre outros recursos.
Mas, sem dúvida, é nas oficinas que deverá ocorrer a formação mais profunda. Elas são compostas por dinâmicas simples e criativas que ajudam o pregador a se treinar nas melhores técnicas de pregação. Elas são mais que necessárias, pois a pregação é uma daquelas atividades humanas que poucos de nós conseguimos realizar com perfeição sem um bom treinamento, contudo é muito fácil de ser feita “mais ou menos”. E esta facilidade de se pregar “meia pedra meio tijolo” tem se tornado um dos maiores obstáculos que impedem a realização de uma formação integral, de uma formação que contempla o maior número de itens da oratória sacra. Voltando às oficinas, quem nelas não for treinado o será durante as pregações que certamente fará nos grupos de oração. Todavia o treinamento que se consegue durante as pregações nos grupos e em outros lugares é lento, bastante lento. É por este motivo que os melhores pregadores do Brasil, com pouquíssimas exceções, demoraram de cinco a dez anos para conseguirem uma boa técnica de pregação. Com certeza as oficinas poderão – e deverão – abreviar este tempo, além de possibilitar outros ganhos. Estamos oferecendo encontros de formação que devem ser aprofundados em oficinas. A partir disso a formação dependerá do esforço, do trabalho, do estudo, do treinamento e das orações de cada pregador do Brasil.
Talvez você esteja curioso para entender o que vem a ser oficina. Elas serão bem entendidas na prática, mas aqui vai uma palavrinha sobre elas.
Hoje as oficinas incorporaram de vez os mais representativos campos de formação profissional. Em alguns deles elas já eram tradicionais, porém conhecidas com outros nomes, como laboratório, no teatro; treinamento, nos esportes e estágio nas formações acadêmicas. Por falar em formação acadêmica e oficinas, elas têm sido inseridas em projetos pedagógicos de universidades, como é exemplo um projeto pedagógico da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia, elaborado no ano 2000, que traz as oficinas como sendo uma das formas usadas para capacitar seu corpo docente.
Como disse acima, as oficinas serão bem compreendidas na prática, mas o melhor delas é que poderão ser feitas com pequenos grupos de pregadores que certamente se reunirão nas dioceses, nas cidades ou nos grupos de oração.
Pretendemos em breve disponibilizar um material para preparar roteiros de pregação passo a passo, para ser usado nas oficinas. Oremos para mais esta etapa na caminhada da formação, dentro do Projeto Reavivando a Chama.
Muito obrigado a você que se dedica a formar pregadores e a você que busca a formação. Deus os abençoe. E permanecemos unidos no Cristo, pelo Espírito.

 
Dercides Pires da Silva

sexta-feira, 7 de setembro de 2012


Podem até tentar tirar a cruz dos locais públicos, como estão fazendo, porém de nossas vidas ninguém poderá tirá-La. Ninguém poderá nos impedir de usar o Crucifixo em nossas casas, ou trazê-Lo em nosso peito. Entretanto, usá-Lo exige mais do que coragem de expor um objeto de devoção, exige que testemunhemos nossa fé de forma autêntica. Quem carrega a Cruz de Jesus deve se esforçar para viver como Ele.

Por Lúcia Volcan Zolin
Coordenadora Nacional do Ministério e Comissão de Comunicação
Grupo de Oração Divina Misericórdia

“Creio em Ti, Jesus de Nazaré, pois tu és o sentido (logos) do mundo e da minha vida” (Bento XVI).[1]

Para o cristianismo, não basta acreditar, ter fundamentos espirituais, crer em alguma coisa. A qualidade mais profunda da fé cristã é o seu caráter pessoal. Os cristãos creem em Alguém, e essa fé á sentido ao mundo e à própria existência daquele que crê e é por isso que a sua fórmula central não diz ‘creio em algo’, e sim, “Creio em Ti”. Ela é o encontro com o homem Jesus, e nesse encontrar-se ela experimenta o sentido do mundo como pessoa. Na vida de Jesus a partir do Pai, na imediação e na densidade de seu relacionamento com ele na oração e até na visão, é Jesus a testemunha de Deus; por intermédio dele, o intocável tornou-se tocável e o distante tornou-se próximo. (...)Ele é a presença do próprio eterno neste mundo.[2] 
Na face de Jesus de Nazaré, Deus é descoberto. No entanto, para a fé cristã não é suficiente que creiamos em Jesus Cristo, que cultivemos esse sentimento como algo bom, agradável, e o guardemos para nós mesmos. O cristianismo tem uma exigência explícita: É preciso professar publicamente essa fé.
Fato esse que está na essência da existência da Igreja, como incumbência dada pelo próprio Jesus. A trajetória do cristianismo vem sendo marcada por episódios que comprovam isso. Talvez o exemplo mais contundente seja o dos mártires. No decorrer de nossa história de fé, muitos foram os que preferiram perder a vida a negar Jesus Cristo. O sangue deles fez a Igreja crescer. Tornou-se célebre e conhecida até nossos dias a afirmação de Tertuliano: “o sangue dos mártires é semente de novos cristãos”. Eles estavam conscientes de que não podiam renegar o Senhor.
Podemos dizer que a Igreja se expandiu graças aos homens e às mulheres da primeira hora do cristianismo que, impelidos pelo Espírito Santo, estavam determinados a apresentar ao mundo as razões de sua esperança (cf. I Pd 3,15).
E é disso que estamos falando quando nos referirmos à evangelização. Aquilo que cremos passa a ser partilhado, contado aos demais, porque uma vez vivida a experiência do encontro com o Senhor é preciso anunciar. A nós cristãos não é permitido calarmo-nos a respeito do que vimos e ouvimos (cf. At 4,20).
O mundo tem necessidade da mensagem da qual os cristãos são portadores. O mundo precisa ser evangelizado, precisa de pessoas que tenham a coragem de professar a própria fé. E, de acordo com a Palavra, isso não é opcional; é uma exigência: ai daqueles que se negam a anunciar o Evangelho (cf. I cor 9,16). Ai daqueles que se envergonham de dar testemunho público de Jesus. A esse respeito o próprio Senhor nos alertou: “Aquele, porém que me renegar diante dos homens também eu o renegarei diante do meu Pai que está nos céus” (Mt 10,33 ).
Entretanto, só as palavras não são suficientes. A nós são exigidas atitudes concretas, porque também não basta dizer-se cristão; é preciso viver como tal. Dar testemunho de uma fé autêntica: “é morta a fé sem obras” (Tg 2,26).
Numa época marcada pelas incertezas e esgotamento de modelos, de mentalidade teleprogramada, relativista, hedonista e fragmentada, onde tudo é efêmero e pronto para o consumo rápido e em que o individualismo egoísta passa a ser visto como uma virtude, faz-se urgente que os cristãos reapresentem ao mundo qual é a verdadeira proposta de Jesus. É preciso que os cristãos reajam:
Também aqui devemos redescobrir a coragem do não-conformismo diante das tendências do mundo opulento. Em vez de seguir o espírito da época, devemos ser nós a marcar, de novo, esse espírito com austeridade evangélica. Perdemos o sentido que o cristão não pode viver como vive um outro qualquer.[3]
O mundo tem sede e fome da mensagem cristã em sua integralidade. Tem fome e sede de Jesus, Aquele que é o único capaz de dar sentido à vida e revelar a face verdadeira de Deus.   Quem o conhece, pode atestar isso, e talvez seja devido a essa certeza que seja tão triste presenciar situações em que Ele seja rejeitado.


EU CREIO EM TI!


E como temos presenciado, em nossos dias, Jesus ser rejeitado! Vemos isso quando seus ensinamentos são ignorados, até mesmo por cristãos. Que recriam um estilo de semi-baseado na Palavra. Adaptado de forma que seja conveniente.
Ele tem sido rejeitado quando Sua vida, morte e ressurreição ou são negadas ou tratadas com total indiferença.
E O vemos sendo rejeitado toda vez que sua própria imagem é renegada. Ao redor do mundo, são muitos os países - mediante a apresentação de argumentos totalmente questionáveis, como bem nos apresenta na edição 75 Felippe Nery nas páginas 14 e 15 o símbolo máximo do cristianismo está sendo retirado de espaços públicos.
A esse respeito, questiona Bento XVI:
Antes de mais nada há que se colocar a seguinte questão, por que é que deve proibi-lo? Se a cruz contivesse uma mensagem que fosse inconcebível e inaceitável para outros, então essa seria uma medida a se considerar. Mas a cruz representa que o próprio Deus é sofredor, que Ele nos ama através da sua dor. Esta é uma afirmação que não ataca ninguém. Isto por um lado. Por outro lado também existe naturalmente uma identidade natural na qual se baseiam nossos países. Uma identidade que forma os nossos países de forma positiva e a partir de dentro, e que forma os princípios positivos e as estruturas básicas da sociedade, por meio dos quais o egoísmo é rejeitado, possibilitando uma cultura de humanidade. Eu diria que essa autoexpressão cultural de uma sociedade que vive de forma positiva não pode ser criticada por ninguém que não partilhe dessa convicção, e também não pode ser banida.[4]
É injusto, sabemos. Mas se, por erro de interpretação ou pela dureza de corações fechados à verdade, estão renegando a Cruz, não podemos ficar indiferentes.
Se o crucifixo não tem espaço nas paredes de tribunais, hospitais, escolas, pode continuar presente nesses locais por meio dos cristãos (que trabalham nesses lugares, por exemplo). Quem poderá impedir-nos de usá-Lo?
Vamos levar o símbolo da nossa fé aonde formos! Ninguém é obrigado, obviamente, a fazer isso, mas que bonito seria se todos fizéssemos.
Aquele crucifixo que temos guardado na gaveta, ou que usamos somente em retiros, poderia ser usado em nosso dia a dia. Não como um acessório de beleza (muitas pessoas o usam desta forma, sem que isso signifique a profissão de uma fé).
Quem sabe o crucifixo volte a ocupar um lugar central em nossas salas? Em nossos quartos? Aqueles que são proprietários de estabelecimentos comerciais também podem resgatar o uso desse objeto que simboliza nossa fé. E se usarmos adesivos em nossos carros com a Cruz? Bem, essas são algumas possibilidades, certamente existem muitas outras.


CAMPANHA


Em resumo, a ideia é simples: podem até tirar (por ignorância ou por maldade) a Cruz de uma série de espaços, mas não poderão tirá-La de nossas vidas, assim como não puderam impedir a manifestação da fé de tantos homens e mulheres que marcaram a história da Igreja, mesmo sob ameaça de morte.
Interessante é que, ao portarmos esse símbolo tão sagrado, somos constantemente chamados a ser testemunhas. Ele nos mostra, a cada instante, que devemos viver de acordo com a fé que professamos.   Afinal, ao trazer em nosso peito a Cruz, estamos expressando quem somos; e ao identificarmo-nos como cristãos, somos impelidos a viver dignamente esta condição. Com tal profissão explícita nos sentimos motivados, até mesmo constrangidos (no sentido de nos vigiarmos melhor) a agir como convém a um cristão.
Que o Santo Espírito nos permita sempre acreditar para que, crendo, professemos com palavras e atos a fé cristã, de modo que o mundo veja e acredite e para que tenhamos a graça de chegarmos a um nível de santidade que nos permita afirmar: “Com Cristo, eu fui pregado na Cruz. Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim. Esta minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me amou e por mim se entregou” (Gálatas 2, 19b-20)